Dentro da série de encontros presenciais definidos dentro do programa Boas Práticas Aeroagrícolas (BPA) Brasil, as empresas participantes do projeto reuniram-se na noite do dia 24 de maio em Porto Alegre/RS. A ação foi marcada por palestra, homenagens, entrega de certificados e um breve balanço do avanço do programa, que começou com a capacitação e está na fase de mentorias. Desenvolvido pelo Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Nacional), o projeto tem o objetivo de alçar o setor a um patamar mais elevado de gestão, tornando-o ainda mais competitivo no mercado.
A movimentação ocorreu no salão reservado do Swan Tower e reuniu empresários de todo o Brasil, que estavam na capital gaúcha para a assembleia anual do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), apoiador do BPA Brasil. Na ocasião, o presidente do Ibravag, Júlio Augusto Kämpf, destacou a importância desse trabalho de educação (um dos pilares da entidade setorial) para melhorar os negócios dos operadores aeroagrícolas.
DIFERENCIAL
“Tenho certeza: as empresas que estão participando desse projeto vão ter um diferencial no mercado, nas suas gestões, nas suas relações com a sociedade”, sinalizou o dirigente. Kämpf reforçou a importância da constante atualização dos gestores, pilotos e demais profissionais da cadeia aeroagrícola. Ainda falou que é fundamental a adoção dos conceitos da sustentabilidade, cada vez mais exigida pelo mercado global.
O presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva (a eleição da nova diretoria foi no dia seguinte – leia na página 8), considerou que as 70 aeroagrícolas que já aderiram ao BPA vão impulsionar a melhoria contínua do setor. Ainda, a diretora operacional do Ibravag, Michele Fanezzi, apresentou as novidades do Instituto, chamando a atenção para a Plataforma de Negócios, que surgiu para conectar fornecedores e clientes. Também enfatizou o processo de aproximação com as universidades e os próximos cursos ofertados pela entidade dentro do BPA Brasil.
Números apontam para o sucesso do projeto
O diretor operacional do Sindag e coordenador de Ensino e Pesquisa do BPA, o economista Cláudio Júnior Oliveira, expôs os avanços do programa que tem registrado números expressivos de participação. Cita como exemplo que 52 empresas já fizeram o diagnóstico, impactando 1.042 funcionários, mais de 58,2 milhões de hectares atendidos e R$ 413 milhões de faturamento.
As mentorias também já começaram. “Até o momento 39 empresas estão em atendimento contínuo. Até agora (maio) são 198 horas de mentoria. A ideia até o final do processo é chegar a 1.200 horas”, pontua o gestor. A pesquisa de mercado também já está praticamente pronta. O estudo analisa as 18 culturas onde a aviação agrícola é usada como ferramenta. Como o trabalho faz parte do BPA, o resultado ficará restrito ao grupo que participa do programa.
Noite de reconhecimento ao trabalho desenvolvido
Para comemorar os resultados alcançados pelo BPA, todos os participantes do evento receberam um bóton que faz referência ao programa. O destaque especial foi para o coordenador de Ensino e Pesquisa do BPA, o economista Cláudio Júnior Oliveira, e aos professor Dieisson Pivotto, Márcio Gonçalves e Gabriela Silvério pelo trabalho desenvolvido para a consolidação do projeto.
Também foram nominadas as empresas vencedoras da Copa BPA: Aero Agrícola Itaquiense, Aeroterra Aviação Agrícola e Rambo Aviação Agrícola. De acordo com o coordenador de Projetos do Ibravag, Rodrigo Almeida, estas empresas atingiram 100% das aulas de capacitação, ou seja, concluíram todos os módulos EaD.
Também foi reconhecido o apoio da Travicar Tecnologia Aeroagrícola, representada na ocasião por Juliano Petry e Vinícius Santos. A empresa com sede na capital gaúcha patrocinou o jantar para os participantes do evento, além de ter participado de homenagens durante a programação.
Palestra faz uma análise do agro do Brasil e possíveis cenários futuros
“O agro brasileiro não é forte por acaso. Somos muito profissionais e produtivos. As associações, os produtores, as indústrias e os serviços ligados ao agro trabalham demais. É por isso que o Brasil tem o agro entre os mais fortes do mundo.” As palavras do economista André Diz, professor do MBA em Gestão do Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pesquisador da FGV Agro, abriram a palestra Perspectivas para a economia: Brasil e Mundo.
O economista fez uma análise da evolução do agro e dos fatores macroeconômicos que podem afetar o setor nos próximos anos. O dado positivo é que a agropecuária brasileira é muito produtiva e representa um quarto da riqueza gerada no País. “Resultado de um setor que fez a lição de casa em todas as etapas do processo”, comenta Diz. O economista observa que a produção de grãos no Brasil multiplicou por seis nos últimos 50 anos, enquanto a área de plantio dobrou de tamanho.
“Somente nos últimos 20 anos, a nossa produtividade aumentou 30%”, ressalta, observando que não são apenas dados históricos. A produtividade no agro brasileiro segue aumentando e acelerando, fazendo com que o Brasil se torne um país altamente competitivo neste setor. Uma história de sucesso que começou ainda nos tempos do Império, em meados do século 19, e que segue apostando em pesquisa e no avanço da tecnologia.
Em contraponto, o economista alertou sobre possíveis cenários macroeconômicos a médio e longo prazo. E sugeriu que empresários prestem atenção às economias que devem apresentar um aumento da renda e que não são os principais parceiros comerciais do Brasil. Fala aqui de Nigéria, Egito, Pasquitão, Filipinas e Malásia, que podem compensar a acomodação do ponto de vista populacional prevista para ocorrer daqui 25 anos, conforme projeção da ONU veiculada em reportagem da The Economist.