Exatos 4.851 visitantes, de 12 países e de 23 Estados brasileiros passaram pelo Congresso da Aviação Agrícola do Brasil 2024, ocorrido de 20 a 22 de agosto, no Aeroporto Executivo de Santo Antônio de Leverger, Mato Grosso. O local, a apenas 30 quilômetros da capital Cuiabá, recebeu uma programação que marcou o maior evento aeroagrícola já realizado no Brasil. A conta abrange ainda o saldo da mostra de aeronaves, tecnologias e serviços, onde 224 expositores movimentaram nada menos de R$ 250 milhões em negócios.
A movimentação contou também com o pré-evento no dia 19. O que abrangeu a comemoração dos 77 anos da aviação agrícola no País (completados na data) e o início de alguns treinamentos. Assim, em quatro dias, foram mais de 40 encontros – entre palestras, debates, minicursos e reuniões. Fora o Congresso Científico da Aviação Agrícola – com 24 pesquisas participantes (veja mais nas páginas 46 e 47).
Números superlativos que tiveram como pano de fundo ainda uma série de demonstrações de aviões agrícolas e drones – simulando operações de combate a incêndios e de aplicações de insumos em lavouras. Para completar, o Congresso promovido pelo Sindag – com a participação do Ibravag – foi uma mostra também do prestígio que o setor conquistou entre autoridades políticas.
PERSONALIDADES
Assim, não por acaso a solenidade de abertura teve a presença de dois governadores – Mauro Mendes (PP), do Mato Grosso, e Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal. Junto com os senadores Wellington Fagundes (PL/MT) e Jayme Campos (União Brasil/MT), os deputados estaduais mato-grossenses Júlio Campos (União Brasil) e Diego Guimarães (Republicanos). Além deles, o deputado gaúcho Marcus Vinicius (PP) – que foi homenageado como autor do projeto de lei que tramita em seu Estado para valorizar o setor.
Também marcaram presença o ex-governador, ex-senador e ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi, o ex-presidente do Sindag e atual prefeito do município mato-grossense de Poxoréu, Nelson Antônio Paim, e a prefeita de Leverger, Francieli Magalhães (PDT). Ainda estiveram na abertura, as entidades federais historicamente ligadas ao setor. Neste caso, representadas pela chefe da Divisão de Aviação Agrícola no Ministério da Agricultura, Uéllen Collato, e pelo diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Luiz Ricardo de Souza Nascimento.
Lembrando que o Congresso AvAg 2024 abrangeu ainda o Congresso Mercosul e Latino-Americano de Aviação Agrícola. Os presidentes da Federação Argentina de Câmaras Aeroagrícolas (Fearca), Juan Molina, e da Associação Nacional de Empresas Privadas Aeroagrícolas do Uruguai (Anepa), Lionel Rossi lideraram as delegações. Um conjunto de atrações e personalidades que repercutiu massivamente também na imprensa: foram mais de 200 reportagens em tevê, rádio, jornais e portais de notícias cobrindo o evento.
Evento sobe a régua e fica no MT para 2025

Na cerimônia de abertura do Congresso AvAG, a presidente do Sindag, Hoana Almeida (de amarelo), esteve acompanhada (à esq) do produtor rural e ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi, além (à direita) dos governadores Mauro Mendes (do MT, de paletó), Ibaneis Rocha (do DF) e do deputado gaúcho Marcus Vinícius. Também marcaram presença (atrás de Mendes) o diretor da Anac, Luiz Ricardo Nascimento, e a chefe do DAA do Ministério da Agricultura, Mapa, Uéllen Colatto, entre outras autoridades
O balanço do sucesso do Congresso AvAg 2024 foi apresentado no último dia da programação, pela presidente do Sindag, Hoana Almeida Santos. Junto com o anúncio de que o evento fica para 2025 no Aeroporto de Santo Antônio de Leverger. Ao comemorar o volume de negócios feitos pelos expositores e a visitação recordista do evento, a dirigente também agradeceu a dedicação da equipe do Sindag para o sucesso do evento.
Conforme Hoana, a decisão de permanência no local foi motivada não só pelo saldo de visitação do Congresso, mas também pela pesquisa feita entre os próprios expositores da mostra de tecnologias e serviços do evento. Além disso, a boa receptividade do próprio Aeroporto de Leverger foi fundamental para o sucesso do encontro aeroagrícola, que teve 23 mil metros quadrados de área à sua disposição.
A presidente destacou que o balanço significou também uma “subida de régua” para o encontro do ano que vem. Com o foco em aprimorar ainda mais a programação voltada não só às empresas de aviação agrícola, mas a todos os pilotos, técnicos, pesquisadores e outros profissionais ligados ao segmento.
PRODUTORES
Isso vale também para os produtores rurais que possuem aeronaves agrícolas (tanto pilotadas quanto drones). Tendo em vista que o Congresso AvAg atraiu este ano pelo menos 100 produtores e representantes de fazendas que têm suas próprias aeronaves para o trato das lavouras.
“Uma ótima notícia para o encontro que retornou ao Mato Grosso (depois de 11 anos fora do Centro-Oeste) com a meta de se aproximar ainda mais dos operadores privados”, completou a dirigente. Neste caso, um público de interesse especial também por parte do Ibravag, que estava representado pelo seu presidente, Júlio Augusto Kämpf. Lembrando que o Instituto é justamente o guarda-chuva sob o qual os operadores privados são diretamente abrangidos pelas ações de defesa, qualificação e melhoria contínua do setor aeroagrícola.
Frota deve superar 3 mil aviões até 2027

Demonstrações de aviões agrícolas no combate a incêndio e aplicação em lavouras chamou a atenção de fotógrafos e cinegrafistas.
Fotos: Castor Becker Júnior/C5 NewsPress
Entre minicursos, homenagens, formatura de uma turma de MBA, lançamento de livros e encontro com jornalistas, um dos grandes destaques do Congresso AvAg 2024 ficou por conta da pesquisa sobre expectativas de mercado do setor aeroagrícola brasileiro. O estudo foi elaborado pelo diretor operacional do Sindag, Cláudio Júnior Oliveira. E apresentado por ele no penúltimo dia do Congresso AvAg
Segundo a pesquisa de Oliveira (que é economista e doutor em Administração), nos próximos três anos, a frota aeroagrícola brasileira deve passar das 3 mil aviões e helicópteros operando em lavouras. O índice representa uma perspectiva de crescimento de quase 10% no período, considerada boa pelo setor.
O estudo levou em conta o crescimento médio da frota dos últimos 15 anos para assim manter o crescimento de produtividade nas principais culturas do agro – soja, milho, cana-de-açúcar, algodão, florestas e outras. O trabalho também levantou os cenários e perspectivas em cada uma das cinco regiões do País. Levando em conta desde a busca de tecnologia pelos produtores e até a capacidade de produção das fábricas de aviões agrícolas – no caso, a brasileira Embraer e as norte-americanas Air Tractor e Thrush (todas presentes no Congresso AvAg).
Outro dado apresentado foi a projeção de trabalhos em lavouras pelo setor. Isso considerando que cada aeronave agrícola atende em média 50 mil hectares de aplicações por safra. Nesse contexto, se passaria de 135,9 milhões para 150,5 milhões de hectares em trabalhos aeroagrícolas. Isso considerando todas as etapas no trato de lavouras – semeadura, adubação, aplicação de defensivos químicos ou biológicos, maturadores e outros.

Segundo o diretor do Sindag, frota brasileira deve passar de 3 mil aeronaves agrícolas nos próximos três anos
DESAFIOS
Oliveira também apontou desafios do setor, como a formação de pilotos agrícolas – segundo a Anac, o País tem hoje 2.193 profissionais com licença de piloto agrícola de avião e 21 de helicóptero. Isso além do limite de produção das fábricas de aviões.
O dirigente aeroagrícola também abordou o problema dos mitos em torno da atividade. Muitos deles claramente sem lógica, mas que proliferam especialmente em debates ideológicos. Caso da perda de produtos – o que, se fosse verdade, inviabilizaria o próprio mercado da tecnologia.
Lembrando também que, além do Mato Grosso ter a maior frota do setor (com mais de 600 aeronaves), outros sete Estados somam 87% da frota de aeronaves do setor: Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul e Bahia. Não por acaso, Estados responsáveis por 82% da produção de grãos e frutas do País, registrado pelo IBGE
em 2022.