AUTORES
Daiani Brandler
Engenheira agrônoma – Aerodinâmica Aviação Agrícola. E-mail: daianibrandler@hotmail.com.
Mario Augusto Capacchi
Diretor-executivo e piloto agrícola – Aerodinâmica Aviação Agrícola
Tiago Antônio Soares
Técnico agrícola –
sócio-proprietário Pulverize
Diogo Soares
Técnico agrícola –
sócio-proprietário Pulverize
Vanessa Pasquali da Silva
Diretora financeira – Aerodinâmica Aviação Agrícola
Luis Eduardo Polanski Costa
Piloto agrícola – Aerodinâmica Aviação Agrícola
Maicou dos Santos Barboza
Técnico agrícola – Aerodinâmica Aviação Agrícola
Fernando Losado dos Santos
Engenheiro agrônomo – Aerodinâmica Aviação Agrícola.
Resumo
A soja é uma importante commoditie produzida no Brasil e, devido as condições climáticas, a mesma é frequentemente acometida por diversas doenças e insetos, sendo necessário realizar a aplicação de defensivos agrícolas, os quais podem ser aplicados via terrestre ou via aérea. Desta maneira, objetivou-se com o trabalho avaliar a produtividade, a porcentagem de amassamento e os custos entre a aplicação aérea e a terrestre. O experimento foi realizado em uma lavoura comercial no município de Ronda Alta/RS, composta de uma área de 83 hectares para aplicação terrestre e 100 hectares para a aplicação aérea, onde foram avaliados os tamanhos dos rastros do pulverizador e produtividade da soja por hectare (ha). Os dados obtidos demonstram que o amassamento da cultura foi de 6,18%, totalizando uma perda de 439,90 sacas de soja em 83 hectares. A diferença entre a aplicação terrestre e a aplicação aérea é de 3,43 sacas de soja de lucro por hectare, quando o avião agrícola é utilizado.
Palavras-chave: Aviação agrícola, custos, amassamento, produtividade.
Introdução
A soja (Glycine max) é uma das principais culturas agrícolas cultivadas no Brasil. De acordo com os dados da Conab (2024), a estimativa de produção de soja para a safra 2023/2024 é de 151,5 milhões de toneladas. Os estados do Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul são os maiores produtores, sendo responsáveis por 26%, 15% e 14% da produção nacional, respectivamente (AGROADVANCE, 2024).
A grande capacidade de produção está associada à correta implementação de parâmetros técnicos produtivos, exigindo conhecimento das limitações técnicas e operacionais (DA COSTA, 2017). No sistema de pulverização convencional, existe uma diversidade de parâmetros técnicos disponíveis, sejam eles em termos de modelos, capacidades e sistemas operacionais de pulverizadores (DA COSTA, 2017). Dentro das formas de aplicação tem-se também a aviação agrícola, que apesar de estar no mercado há mais de 70 anos, ainda é um dos métodos de aplicação que está em constante desenvolvimento.
A utilização de aeronave agrícola é uma tecnologia que auxilia na agricultura e também em questões sociais, pois além de atuar na proteção de cultivos, atua também no controle de pragas e doenças (ANTUNIASSI et al., 2011), na dispersão de sementes (DA COSTA et al., 2011), controle de animais transmissores de doenças, animais exógenos à fauna local (MEISCH et al., 2005) e também no combate a incêndios.
Porém, ainda ocorre uma limitação de estudos que demonstram o processo de inserção de tecnologias associadas à aviação no campo, especialmente em relação aos seus impactos na produtividade agrícola. Dessa maneira, objetivou-se avaliar a diferença de produtividade e o custo econômico da cultura da soja em uma área aplicada com o avião agrícola e outra com o pulverizador terrestre.

(A) – Imagem da Aeronave Embraer Ipanema e (B) – imagem do pulverizador Uniport 2000.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado em área comercial de produção de grãos, na safra de verão 2023/2024, localizada em Ronda Alta (Rio Grande do Sul, Brasil). A cultivar de soja utilizada foi a Brasmax Zeus, semeada com o espaçamento entre linhas de 0,45 m e 15,5 plantas por metro. As aplicações foram realizadas na cultura da soja seguindo as recomendações agronômicas. Foi utilizada uma aeronave Embraer Ipanema, com hopper de capacidade de carga de 600 L, suas barras são equipadas com 6 atomizadores rotativos de tela para pulverização (Figura 1A). A faixa de deposição foi de 18 m, e a vazão 15 litros por ha, considerada como BVO (baixo volume oleoso). Os atomizadores geram gotas com espectro na faixa de 150 a 200 micras, consideradas gotas finas de acordo com o fabricante, trabalhando a aproximadamente 65 Psi de pressão e velocidade de 190 km/h.
Empregou-se também, um pulverizador da marca Jacto modelo Uniport 2000 com 27 metros de barra (Figura 1B), dotado de pontas akron 234, espaçadas de 0,50m, que geram gotas com espectro de 190 micras, ou seja, gotas finas, com vazão de 100 L/ha e 3 Bar de pressão.
A área experimental utilizada no experimento foi de 83 hectares para a aplicação terrestre e de 100 hectares para a aplicação aérea. Durante as aplicações, foram monitoradas as condições meteorológicas: a temperatura máxima até 28°C, a umidade relativa do ar acima de 50% e a velocidade do vento de 7 a 10 km/h. Cada área recebeu seis entradas desde a dessecação até quando a cultura atingiu a maturidade fisiológica. Para avaliar o dano de amassamento, mediu-se o rastro do pulverizador e após a colheita realizou-se uma análise para determinar a diferença de produtividade e a porcentagem de amassamento, bem como os custos comparativos entre a aplicação terrestre e a aérea.

Resultados e Discussão
O índice pluviométrico da região com base nos dados da Embrapa Trigo (2024) foi de 1100mm durante a safra 23/24 sendo necessário realizar cinco entradas na lavoura para aplicação de fungicidas e inseticidas.
A comparação de amassamento entre as duas áreas de cultivo pode ser observada na Tabela 1. A utilização de pulverização convencional com trator gerou um amassamento de 6,18%. Esse percentual é o resultado entre a diferença de produtividade entre as áreas analisadas no estudo. A área com aplicação terrestre teve produtividade de 85,8 sacas/ha e na área com aplicação aérea a produtividade foi de 91,1 sacas/ha. Schröder (2007) estudou as duas formas de manejo da soja e, em seu trabalho, o amassamento final foi de 5% com a aplicação terrestre.
Considerando a porcentagem de amassamento, a área aplicada e a produtividade por ha, há uma perda de 439,90 sacas de soja na área amassada, considerando o preço da saca da soja atual, a perda por amassamento ultrapassa 50 mil reais. Os cálculos de perdas e custos para os dois sistemas de manejo são explicados na Tabela 1.
A safra 23/24 manejada com aplicação aérea teve uma sobra líquida de R$ 34.113,00, esse valor reflete nas escolhas adequadas de manejo para cada ano de produção. O apoio técnico adequado garante escolhas assertivas e ganhos de produtividade.
Além disso, a aviação agrícola contribui com outros benefícios ao produtor rural, entre eles, a não compactação do solo, agilidade, rapidez, não transferência de vetores para outras lavouras, aplicação imediata após as precipitações, além da eficiência na aplicação, garantindo resultados como os do estudo no quesito de produtividade.
Conclusões
A aplicação aérea apresenta maior produtividade quando comparada à aplicação terrestre.
As perdas por amassamento geram uma perda de 5,3 sacas de soja por ha, ou seja, R$ 636,00/ha.
A diferença entre a aplicação terrestre e a aplicação aérea é de R$ 34.113,00, ou seja, 3,43 sacas de soja de lucro por ha, na forma de manejo por avião agrícola.
Referências bibliográficas
AGROADVANCE. Seis maiores produtores de soja do mundo. Disponível em: https://agroadvance.com.br/blog-6-maiores-produtores-de-soja-do-mundo/#:~:text=Sorriso%2FMT%20%C3%A9%20a%20%E2%80%9Ccapital,e%208%25%20da%20produ%C3%A7%C3%A3o%20nacional. Acesso em: 20 ab. 2024.
ANTUNIASSI, U. R, VELINI, E. D., DE OLIVEIRA, R. B., DE OLIVEIRA, M. A. P.,FIGUEIREDO, Z. N. Systems of aerial spraying for soybean rust control. Engenharia Agrícola, v.31, n.4, pg. 695-703, 2011.
CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento de safra 23/24. Disponível em: https://www.conab.gov.br/ultimas-noticias/5478-safra-de-graos-2023-2024-esta-estimada-em-294-1-milhoes-de-toneladas. Acesso em: 15 ab. 2024.
DA COSTA, L. T., DE MENDONÇA, C. G., DE MENDONÇA, C. G., DA COSTA, R. V. Deposição de semente forrageira em sobressemeadura de soja distribuídas com avião. Scientia Agraria, v. 12, n. 2, pg.109-114, 2011.
DA COSTA, C. C. Custo e benefícios do uso da pulverização aérea de agrotóxicos na agricultura. Embrapa Instrumentação, 2017. 22 p.
EMBRAPA TRIGO. Laboratorio de Agrometeorologia. Disponivel em: http://www.cnpt.embrapa.br/pesquisa/agromet/app/principal/graficos.php. Acesso em: 15 jun. 2024.
MEISCH, M. V., DAME, D. A., BROWN, J. R. Aerial ultra-low–volume assessment of anvil 10+10® against anopheles quadrimaculatus. Journal of the American Mosquito Control Association, v. 21, n.3, pg. 301- 304, 2005.
ROCHA, D. C.; DE SOUZA, E. M. S.; CAETANO, M. USO DA AVIAÇÃO AGRÍCOLA PELOS PRODUTORES RURAIS SOB O PONTO DE VISTA DA ANALISE SWOT. Agropecuária, p. 187, 2020.
SCHRÖDER, E. P. Por terra ou ar? A aplicação de defensivos com avião agrícola ou pulverizador terrestre tem custos diferentes. Disponível em: https://www.dpaviacao.com.br/Terrestre.pdf. Acesso em: 13 jun. 2024.