A Zanoni Equipamentos entrou 2025 como a primeira empresa da América Latina que produz equipamentos para aviões agrícolas com processos reconhecidos por uma autoridade aeronáutica. A fabricante com sede em Paranavaí/PR conquistou a Certificação de Organização da Produção (COP) concedida pela Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), em 19 de fevereiro. “Embora a legislação brasileira dispense certificações para a fabricação de peças para aplicação aérea, nós buscamos esse reconhecimento para aumentar nossa contribuição para o setor aeroagrícola”, reforça o diretor de Operações Internacionais e de Pesquisa e Desenvolvimento Lucas Zanoni.
Além de aumentar a segurança jurídica para o setor, a COP traz embutida a possibilidade de a Zanoni desenvolver novas soluções. “Também atesta a qualidade, algo que é fundamental para a empresa”, pontua Lucas Zanoni, lembrando que todos os equipamentos produzidos passam por uma inspeção de qualidade em cinco etapas. Isto é: desde a matéria-prima até a peça pronta. Trabalho, este, desenvolvido por uma equipe de seis pessoas, que além do controle de qualidade, faz a rastreabilidade do produto, para ficar dentro dos padrões exigidos pela indústria aeronáutica, diferencial que a Zanoni implantou em seus acessórios para a aviação agrícola.
Esse trabalho focado na qualidade e rastreabilidade dos produtos que saem da empresa fundada pelo engenheiro mecânico Sérgio Zanoni e por sua esposa, Graziela Zanoni, em 1997, está presente em suas quatro linhas de produtos. Sistema de aplicação; tecnologias de aplicação aérea, como bicos de pulverização; comportas de combate a incêndio; e a linha de suporte terrestre, que inclui as motobombas, são o carro-chefe da fabricante.

LANÇAMENTOS PARA 2025
DISPERSOR DE SÓLIDOS
Para 2025, o portfólio de produtos aumenta. Entre os lançamentos está a entrada no mercado da linha de dispersão de sólidos. Conforme Lucas Zanoni, um mercado que volta a ganhar força na aviação agrícola. O dispersor de sólidos, como é chamado, começou a ser fabricado no ano passado. E a Zanoni já trouxe algumas inovações nessa linha para fazer semeadura, fertilização e aplicação de pesticidas.
A linha de sólidos da Zanoni traz três grandes diferenciais em relação aos produtos existentes no mercado. Primeiro, a durabilidade, que faz parte da filosofia da empresa. Em segundo lugar, permite melhor controle da dosagem do sólido, então, com a comporta da Zanonj integrada ao dispersor, um avião vai conseguir fazer desde 150 quilos por hectare, uma vazão muito alta, até meio quilo por hectare. “Você tem uma versatilidade e uma precisão maiores no controle da quantidade de produto aplicado”, destaca Lucas Zanoni. E a terceira vantagem, considerada a principal das três, é a possibilidade de integrar o equipamento ao GPS da aeronave. Assim, a comporta abre e fecha automaticamente de acordo com o polígono de aplicação definido.

COMBATE A INCÊNDIO
O portfólio da linha de combate a incêndios também ganha um upgrade. Para se adequar às exigências do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que gerencia os contratos com operadores aeroagrícolas para combate a incêndio, a Zanoni firmou parceria com a Turbine Conversions, de Michigan (EUA), para trazer ao Brasil a Comporta Longitudinal Hatfield, “A ideia é nacionalizar a produção”, salienta Lucas Zanoni, pois as comportas transversais fabricadas pela empresa de Paranavaí/PR não estão sendo mais aceitas pelo órgão regulador.

SISTEMA AUTOMATIZADO PARA CALDA
Outra novidade está relacionada com a área de suporte terrestre. A Zanoni passará a entregar a solução completa para a mistura de calda de agroquímicos que são colocados no hopper dos aviões agrícolas. A Zanoni produz as motobombas para algumas fábricas de equipamentos para mistura de calda, a maioria delas com sede no Rio Grande do Sul. Duas delas, por demanda da Zanoni, passaram a desenvolver soluções para a aviação agrícola nos dois últimos anos. Agora, trouxeram uma solução específica para a automatização do preparo de calda para a aviação agrícola. A previsão deles é começar a comercializar os equipamentos a partir do começo do próximo ano.


TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO
Ainda, a Zanoni pretende colocar no mercado em breve uma nova geração de sistemas de pulverização, que promete mudanças significativas na tecnologia de aplicação em relação aos últimos 20 anos. No entanto, o projeto ainda está em segredo, pois está em fase de desenvolvimento. Porém, o diretor de Operações Internacionais e de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, Lucas Zanoni, assinala: “Todas as inovações que trazemos visam a aumentar a eficiência e a segurança das operações na aviação agrícola, além de melhorar a qualidade dos equipamentos fabricados”.
Uma trajetória focada na qualidade e inovação
As inovações prevista para este ano fazem parte da trajetória da Zanoni Equipamentos, que traz em seu DNA a presença no campo. “Nos últimos anos, passamos a visitar mais nossos clientes, buscando entender as suas dores”, pontua o diretor de Operações Internacionais e de Pesquisa e Desenvolvimento, Lucas Zanoni. Processo que ganhou corpo a partir da entrada da segunda geração da família na administração da empresa, na década de 2010, deixando o fundador e diretor-presidente da Zanoni, o engenheiro mecânico Sérgio Zanoni, liberado para ir a campo ver de perto as necessidades dos operadores aeroagrícolas.
Uma história que começou dentro de uma aeroagrícola, a Teruel Aviação Agrícola, de Campo Grande/MS, onde Sérgio Zanoni trabalhava na manutenção das aeronaves. Nesta época, o empreendedor viu a necessidade de equipamentos mais duráveis do que os existentes no mercado, que eram importados e fabricados em alumínio, sofrendo com corrosões. Além disso, havia grande dificuldade de peças para manutenção a pronta-entrega.
EXPORTANDO TECNOLOGIA
Diante da necessidade de peças mais duráveis que garantissem que o avião não ia parar durante a safra, Sérgio Zanoni e sua esposa, Graziela Zanoni – hoje, ela é diretora financeira da empresa, fundaram a Zanoni Equipamentos, em Paranavaí/PR, voltando para a sua terra natal. Então, começam a fabricar equipamentos em aço inoxidável, que é mais durável, introduzindo o uso desse material na aviação agrícola. “Hoje, o material é padrão no Brasil e outros países já começaram a importar a tecnologia desenvolvida há 30 anos pela Zanoni”, pontua Lucas Zanoni.
No início da Zanoni, o foco eram sistemas de pulverização – a bomba que puxa o produto do hopper até a barra de aplicação – para os aviões Ipanema, da Embraer. Inclusive, a Zanoni tornou-se fornecedora da fabricante de aeronaves brasileira. Nessa primeira década da Zanoni, ocorreu um boom de vendas de Ipanema no Brasil. Mesmo assim, já nos anos 2000, começa a desenvolver alguns equipamentos para a Air Tractor e faz as primeiras exportações para a Argentina, Uruguai, Paraguai e África do Sul.
EXPANSÃO

Na década de 2010, a Zanoni passa pelo seu primeiro processo de expansão da equipe e da planta industrial. Com isso, lança três linhas de produtos. Além do sistema de pulverização, a Zanoni passa a produzir motobombas e equipamentos de apoio terrestre à aviação agrícola, para fazer mistura dos produtos químicos. A terceira linha são as comportas de combate a incêndio, passando a ser o primeiro fabricante brasileiro dessa linha de produtos. Também passa a produzir bicos de pulverização com a linha de atomizadores rotativos, que é a quarta frente de trabalho.
Além disso, firma parceria com a Ag-Nav, fabricante de GPS do Canadá, líder na parte de controle e de aplicação aérea. Há 15 anos, a Zanoni fabrica os equipamentos e envia para a Ag-Nav no Canadá, onde integram ao aparelho a tecnologia deles e encaminham de volta para o Brasil. Um equipamento compatível com todos os tipos de aviões. Hoje, a empresa tem operações no Uruguai, Argentina, Equador, Colômbia, Guatemala, que atende toda a América Central, Estados Unidos, Canadá e África do Sul, que atende toda a África e Austrália.
“Atendemos quase 50% da frota mundial e, estimamos que cerca de 90% das aeronaves que chegam anualmente ao Brasil são equipadas pela Zanoni”, afirma Lucas Zanoni. Lembra que o setor aeroagrícola, no final da década de 2010, ampliou sua presença no combate a incêndios, que antes era uma atividade residual. Com isso, já tendo equipado mais de 200 aeronaves com as comportas de combate a incêndio.
