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Família tem casa salva por piloto agrícola no MS

História ocorrida no Pantanal reflete o heroísmo de centenas de homens e mulheres que, em terra ou pelo ar, protegem pessoas e biomas todos os anos no País

Publicado em: 09/11/21, 
às 11:41
, por IBRAVAG

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Já na aproximação final para lançar quase 2 mil litros de água sobre um foco de incêndio no Pantanal sul-mato-grossense, o piloto agrícola Renato Oliveira Coelho, 57 anos, avistou, no último instante, uma casa em outro ponto do cenário, onde uma “cabeça de fogo” estava prestes a atingir a moradia. “Eu pensei ‘vai queimar a casa’. Deu tempo de abortar o lançamento e dar a volta ainda com dificuldade por causa da fumaça”, recorda, sobre a manobra de última hora. Com 30 anos de experiência como piloto agrícola, nove deles também combatendo incêndios florestais (e mais 1 mil horas de voo nesse tipo de operação), o comandante Oliveira entrou novamente na fumaça, dessa vez para um lançamento quase às cegas sobre o novo alvo. O Air Tractor AT 502-B despejou sua carga em cheio sobre o fogo. “A gente reza para acertar e deu certo. Já baixou a chama, e o pessoal da casinha conseguiu chegar perto para apagar o resto do fogo”, recorda.

O fato ocorreu no início de setembro, a cerca de 40 quilômetros a leste de Corumbá, em um ponto ainda dentro do setor da área de treinamento do Rabicho da Marinha, no Rio Paraguai. O avião pilotado por Oliveira é um dos quatro aparelhos que a empresa Serrana Aviação Agrícola mantém em operação a serviço do Instituto do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (Imasul). Atualmente, eles operam dentro da Operação Hefesto, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado (nome em alusão ao deus grego do fogo). Até o fechamento desta edição, em 27 de setembro, a Operação Hefesto havia completado 86 dias em missões coordenadas a partir de Corumbá. Nesse tempo, foram empregados 510 homens e 88 viaturas, seis aeronaves (Além dos ATs da Serrana, um avião Cessna e um helicóptero), com apoio ainda da Marinha, Exército, Defesa Civil, polícias civil e ambiental e prefeituras.

Operações entram outubro em diversos Estados

O comandante da Operação Hefesto, tenente-coronel Leandro Borges Bertholdo, lembra que, no dia da missão relatada por Oliveira, os bombeiros combatiam os focos de incêndio na região, mas o fogo se espalhava muito rápido. “As chamas começaram a ameaçar a chácara, e a moradora entrou em contato com nossa base por telefone”, relata o comandante. Ela passou as coordenadas da casa e, quando os bombeiros contataram a aeronave para o lançamento, o piloto já havia resolvido a questão. “Estava na hora certa no lugar certo”, comenta o piloto agrícola Renato Oliveira Coelho. Depois disso, a proprietária da Fazenda Barro dos Peixes, Marilda Aparecida Alves dos Santos, fez questão de ir com o filho pequeno à base dos bombeiros agradecer a ajuda do “avião amarelinho”.

A história da casa salva das chamas no Pantanal é uma entre várias histórias que envolveram pilotos e pessoal em terra em diversos pontos do País. Além do Centro Oeste, desde junho a aviação agrícola brasileira tem atuado com força em operações contra incêndios em reservas naturais também no Nordeste e Sudeste, além de fazendas em São Paulo e em Goiás. Trabalho que se intensificou a partir de julho (quando começa oficialmente a temporada das chamas no País, que vai até setembro), mas ainda deve entrar em outubro. Só nas três regiões onde a aviação agrícola mais atuou entre 1° de julho e 24 de setembro (Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste), foram registrados 61.534 focos de incêndio, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Metade deles só em setembro.

O batismo da primeira mulher piloto agrícola de combate a incêndios

JOELIZE: das lavouras do Sul para as missões contra chamas no Nordeste
Foto: Arquivo Pessoal

Em meio às operações contra chamas deste ano, o último dia 20 de agosto teve o batismo de fogo da primeira mulher piloto agrícola de combate a incêndios do país. A gaúcha Joelize Friedrichs, 31 anos, acompanhou a equipe da Aeroterra Aviação Agrícola encarregada de proteger uma área de caatinga no município de Campo Alegre de Lourdes, norte da Bahia. A empresa aeroagrícola atuou na região a serviço do Programa Bahia sem Fogo, da Secretaria de Meio Ambiente do Estado. Como sempre, o trabalho consistiu principalmente em apoiar o pessoal em solo – diminuindo as chamas para que pudessem ser extintas pelos brigadistas e bombeiros e os protegendo de serem cercados. Nesse tipo de operação, as aeronaves também fazem o combate direto em focos de áreas de difícil acesso por terra.

Natural da cidade gaúcha de Não-Me-Toque e piloto agrícola desde 2012, Joelize começou a atuar este ano no oeste da Bahia e havia concluído no início do mês seu treinamento para operações contra as chamas. O trabalho em Campo Alegre de Lourdes começou com duas aeronaves turboélice agrícolas, que se somaram a outras duas na metade do mês. Os quatro aviões garantiram suporte a cerca de 60 bombeiros e brigadistas. Além do apoio de veículos e máquinas das prefeituras local e do município vizinho de Pilão Arcado. As chamas ocorreram em uma área de preservação ambiental e de ventos fortes.

O fogo havia iniciado no dia 10, em uma região conhecida como do Baixão do Jacu e se alastrou para outras seis localidades. Os incêndios no oeste da Bahia ainda persistiam na metade de setembro, atingindo também a Chapada Diamantina, onde pelo menos outros quatro aviões atuavam pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Além disso, a expectativa do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de a chuva só voltar a ser forte na região em novembro. O Nordeste está no chamado período do B-R-O-Bró. O nome é uma referência da população local aos meses terminados com a sílaba “bro”, que indicam o período mais quente e seco do ano na região – de setembro a dezembro.

Whindersson Nunes enviou avião ao Piauí

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Humorista avisou via Twitter que a ajuda estava chegando a seu Estado natal

Os incêndios no Nordeste mobilizaram inclusive o ator e youtuber Whindersson Nunes, que em 12 de setembro enviou um Air Tractor AT- 502B, com capacidade de quase 2 mil litros de água, para auxiliar o combate a focos de incêndios em seu Estado natal. As chamas no Piauí haviam chegado a São Raimundo Nonato e a aeronave atuou em missões especialmente na área da Serra da Capivara. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente nos primeiros nove dias de setembro o Estado havia tido quase 8% de todos os focos de incêndios registrados no País.

O avião enviado para reforçar os trabalhos é operado pela Plenaero Aviação Agrícola. Conforme o comandante de operações do corpo de bombeiros, tenente-coronel João Costa, a atuação da aeronave foi essencial para eliminar as chamas que ameaçavam o corredor ecológico da Serra da Capivara. “Passamos então ao controle e construímos uma extensão muito grande de aceiros por meio do maquinário também disponibilizado pela Prefeitura para que esse incêndio fosse contido”, destacou o oficial.

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