O uso da aviação agrícola em operações de combate a incêndios em vegetação é um dos temas de destaque na programação do Congresso AvAg 2022. O assunto, que esteve em alta nos últimos dois anos – com a tramitação do Projeto de Lei (PL) 4.269/2020, do senador Carlos Fávaro (PSD-MT), ganhou força especialmente a partir de sua aprovação, no dia 22 de junho, pelo Congresso Nacional. Isso, mais o aumento das operações contra chamas verificadas ano passado e o fato de estarmos entrando em mais uma temporada de incêndios trouxeram um curso para formar pilotos de combate a incêndios para a programação pré-Congresso – com sua formatura ocorrendo dentro do evento.
O 4º Curso Brasileiro de Combate Aéreo a Incêndios em Campos e Florestas teve aulas marcadas para os dias 15 a 18 de julho, na base da empresa paulista Garcia Aviação Agrícola, em Ribeirão Preto (ao lado de Sertãozinho). Com dois dias de parte teórica sobre comportamento do fogo, comunicação (com fraseologia técnica) e outros temas. Já os outros dois dias foram reservados para a prática, com os pilotos tendo que fazer lançamentos de água contra alvos representando pontos de incêndio. Neste caso, exercitando orientação no circuito, aproximação, ataque e retorno.
A promoção é uma parceria entre o Sindag, a Fundação Astronauta Marcos Pontes (Astropontes) e as empresas Pachu Aviação Agrícola, RP Aero Agrícola, Aeroglobo Aeronaves, Zanoni Equipamentos e MS Treinamentos. A formatura foi marcada para ocorrer durante a programação do Congresso AvAg, no pavilhão do Centro de Eventos Zanini. Com a presença confirmada do ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações Marcos Pontes.
BALANÇO
No ano passado, a aviação agrícola brasileira voou mais de 4 mil horas em operações de combate a incêndios pelo País, realizando 10,9 mil lançamentos contra as chamas. O que, por sua vez, representou 19,5 milhões de litros de água usados para proteger biomas naturais, lavouras e até instalações e residências dentro das áreas de incêndio. As operações envolveram em torno de 30 aeronaves, além de cerca de 45 pilotos e 40 profissionais de apoio nas bases. Uma força que também ajudou a garantir a segurança de centenas de brigadistas e voluntários nas equipes que atuaram em solo contra os incêndios.
O cálculo é do Sindag, com base em informações repassadas pelas próprias empresas que atuaram nesse tipo de operação durante o ano. Além de dados da Transparência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e dos governos da Bahia e Mato Grosso do Sul, que contratam empresas aeroagrícola para a temporada de chamas. As operações ocorreram em reservas como o Pantanal no MS, Chapada dos Veadeiros, em Goiás; Serra da Canastra, em Minas Gerais e outras, além de áreas de Cerrado e Caatinga no Nordeste e de lavouras no Sudeste e Centro-Oeste.
Segurança para gestores públicos apostarem na ferramenta
O PL 4.269/2020, do senador Fávaro, altera o Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/2012), incluindo de maneira consistente e definitiva a aviação agrícola nas políticas governamentais para preservação das reservas naturais contra incêndios no País. O dispositivo determina que os planos de contingência para combate a incêndios florestais dos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) contenham diretrizes para o uso da aviação agrícola.
Isso garante maior segurança e clareza aos administradores públicos na hora de contratar empresas aeroagrícolas especialmente no auge da temporada das chamas, que vai de julho a setembro. Significando também mais agilidade na resposta a esse tipo de situação, com mais aviões apoiando e protegendo as brigadas terrestres e aumentando a eficiência da primeira reposta contra focos ainda em seu início – o que é essencial para e evitar catástrofes naturais.