Em um tempo que os instrumentos de alta precisam ainda estavam distantes de se tornarem realidade, a paulista Ada Rogato desafiou os céus e fez sua estreia no voo agrícola em 7 de fevereiro de 1948, um sábado de carnaval. Assim, a data entrou para a história do setor no Brasil, lembrando a primeira mulher a pilotar em uma operação aeroagrícola no País. Neste dia, a paulista também daria iniciou à aplicação em lavouras de café no mundo.
O trabalho foi a convite do Instituto Brasileiro do Café (IBC) para combater a broca-do-café no centro-oeste de São Paulo. Na ocasião, ela já tinha sido a primeira mulher na América do Sul a se tornar piloto de planador (1935), primeira mulher piloto de avião brevetada pelo aeroclube de São Paulo (1936) e primeira paraquedista mulher do Brasil. Além de ter realizado 213 missões de patrulhamento a submarinos alemães no litoral paulista entre 1942 e 1945.
Assim, há 74 anos, 172 dias depois da primeira operação aeroagrícola no Brasil, Ada Rogato entrou para a história da atividade no Brasil, voando sobre o cafezal com um avião CAP-4 Paulistinha, de 65 hps. No quinto dia de trabalho, o aparelho chocou-se contra um cabo telefônico e caiu na plantação. Ada sofreu algumas fraturas e ficou alguns meses afastada. Mesmo assim, voltou a voar.
Piloto é uma inspiração para as novas gerações de aviadores
Quando deixou o escritório para literalmente alçar voo, Ada Rogato talvez não tenha dimensionado que se tornaria uma inspiração para as novas gerações de pilotos. Além de ser a primeira mulher no Brasil a operar voos aeroagrícolas, ela é a segunda no mundo. A primeira mulher a voar agrícola no planeta é a Uruguaia Mirta Vanni. Ela fez a primeira aplicação como piloto em 1946, combatendo gafanhotos em seu País.
Pode se dizer, por sua biografia, que a piloto viveu intensamente o seu dom de voar. O livro Ada Rogato, Um Pássaro Solitário, da escritora Lucita Briza e publicado em 2018 pelo Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, conta que ela cruzou a Cordilheira dos Andes e foi a primeira piloto (entre homens e mulheres) a cruzar a Amazônia, nos dois casos em aeronave pequena. Também está entre suas façanhas um voo da Patagônia ao Alasca.
Ada Rogato morreu em 1986, aos 76 anos de idade. Diretora do Museu da Aeronáutica em São Paulo, seu sepultamento no Cemitério de Santana foi acompanhado até pela Esquadrilha da Fumaça. Em 1993, seu corpo foi exumado e colocado no ossuário, em um jazigo sem nome, identificado pelo nº 368, no Bloco E.