Inovação, tecnologia e ESG – a sigla para Environmental (ambiental), Social (social) e Governance (governança) – são palavras de ordem quando o foco é adequar as aeroagrícolas às exigências do mercado global, tornando a atividade sustentável e competitiva. Essa é a motivação da palestra O futuro da aviação agrícola: inovação e gestão do conhecimento, marcada para esta quarta-feira (dia 20), às 8h27, no Espaço Clóvis Gularte Candiota, no pavilhão do Congresso AvAg. A atividade é exclusiva para os integrantes das empresas que aderiram ao BPA Brasil, desenvolvido pelo Ibravag em parceria com o Sebrae.
Para o diretor-executivo do Ibravag, Gabriel Colle, o BPA Brasil vem dar uma mexida no setor a partir da inovação em nove áreas da gestão – Tecnologia de Aplicação, Governança e Compliance, Foco no Cliente, Pessoas, Processos, Tecnologia de Aplicação, Sustentabilidade, Segurança Operacional e Novas Tecnologias. Por isso, entende que a palestra é provocadora no sentido de apontar os desafios e as oportunidades que as mudanças geram.
Para falar sobre o tema inovação, foram convidados o mentor e investidor em startup e diretor de operações da Perfect Flight, Leonardo Luvezuti, e a sócia do Núcleo de Governança e Head do Núcleo de ESG da M.Prado Governança, Fernanda Peppe. Após a apresentação dos palestrantes, a plateia tem espaço para perguntas. O coordenador de Projetos do Ibravag, Rodrigo Almeida, reforça que o tema inovação ainda é muito novo no agronegócio, mas é preciso que as empresas se adaptem a essa necessidade. “A inovação é algo que está vindo com força e é cada vez mais fundamental para a sobrevivência das organizações”, salienta Almeida.
Inovação é parceira no desenvolvimento das aeroagrícolas
“A tecnologia vai ser o motor do desenvolvimento do BPA, do ESG. Não se pode olhar uma coisa separada da outra, elas precisam estar ligadas ao social, à segurança alimentar, ao bem-estar da sociedade, do operador e aliado à governança e estratégia financeira.” A frase do diretor de Operações da Perfect Flight, Leonardo Luvezuti, aponta para a importância do equilíbrio entre todos os pilares de uma organização porque se o negócio não for economicamente viável, tudo cairá por terra.
Engenheiro agrônomo, formado na Universidade de Lavras (Minas Gerais), com MBA em Marketing e especialização em Customer Engagement pela International House de Brisbane (Austrália), Luvezuti vê a tecnologia, a digitalização, a conectividade, a comunicação e a educação como os facilitadores do programa Boas Práticas Aeroagrícolas. E aponta a adoção dos conceitos do ESG, usado também como sinônimo de sustentabilidade ambiental, social e econômica, como grande aliada do operador aerogrícola e para os demais setores. Tanto que o tema da sua palestra vai ser Inovação como estratégia para o desenvolvimento sustentável.
TRANSPARÊNCIA
A proposta de Luvezuti é desmistificar a inovação, mostrando que ela é parceira, um braço, uma guia para o desenvolvimento sustentável do setor, assim como para outras cadeias produtivas. “Inovação é o combustível do desenvolvimento”, reforça o gestor. E um exemplo bem claro da situação está diretamente ligada à plataforma de qualidade das operações aeroagrícolas oferecida pela startup que dirige. Lembra que no início, havia uma grande barreira em relação à Perfect Flight porque era uma tecnologia nova na aviação agrícola voltada à gestão de dados.
Atualmente, reúne mais de 27 milhões de hectares (número em 30 de junho) processados em seis safras. Considerada o maior banco de dados do mundo, a agtech oferece informações referente à qualidade da aplicação, tipo de produto, tipo de cultura, qual a região da aplicação, tipo de aeronave utilizada, garantindo a transparência das operações. E isso tem auxiliado no crescimento e melhorias para o setor.
“Temos dados de áreas e regiões que tinham parado de usar a aviação agrícola e voltaram a utilizar o serviço. Companhias voltaram a investir mais por ter segurança de dados e de informações que mostram que existem sustentabilidade e performance no setor.” Os apontamentos de Luvezuti remetem à importância das operadoras aeroagrícolas estarem abertas ao novo. Por isso, considera imprescindível haver uma desmistificação de que os dados ESG são limitadores. “Pelo contrário, são abridores de portas para o desenvolvimento do setor”, conclui.
Riscos e oportunidades passam pelo ESG
Com experiência de mais de 20 anos nas áreas de sustentabilidade, gestão estratégica, gestão de projetos, gestão de riscos e de impactos e governança, a head do Núcleo de ESG e sócia do Núcleo de Governança da MPrado, Fernanda Peppe quer tornar mais palatável o tema ESG. “Desejo que as pessoas consigam fazer essa conexão entre ESG e o seu negócio.” A sigla que remete às questões ambientais, sociais e de governança corporativa estará na base da palestra, que abordará o que é risco e o que é oportunidade, principalmente para proteção e geração de valor em uma empresa.
Para Fernanda, é fundamental que o operador aeroagrícola entenda como essa agenda proposta pela possa auxiliar no desenvolvimento da sua empresa. Por sinal, a adequação do setor às boas práticas é a base do programa BPA Brasil. Além disso, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) é um dos signatários do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), que chama as corporações a alinharem suas estratégias aos princípios da sustentabilidade.
Embora essa pauta não seja novidade, tem ocorrido um movimento muito intenso do investidor. “O mercado financeiro acabou sendo um impulsionador dessa agenda ao inserir as variáveis ambiental, social e de governança corporativa na análise de riscos e oportunidades de seus investimentos. A gestora atribui também a escalada pela adequação a esses conceitos à mudança cultural de perfil do consumidor, que está mais consciente, mais exigente. Ele passou a adquirir produtos ou serviços a partir da avaliação se tem aderência com o que acredita.
No agronegócio brasileiro, essa agenda tem ganhado força. O setor está se aprimorando em termos de gestão, de novas tecnologias, principalmente porque o seu maior mercado consumidor é externo. Fernanda destaca, que “nesse sentido, especialmente na Europa, as questões em relação aos aspectos ambientais, sociais e de governança são cada vez mais exigidos”. Por isso, reforça que as aerogrícolas precisam estar atentas a essas demandas, não só regulatórias, mas de mudança de consumo.