foto1 - Candiota no Muniz M9 do primeiro voo agrícola

Aviação agrícola completa 75 anos voltada à segurança alimentar

O primeiro voo agrícola no Brasil ocorreu em 1947 para combater a praga de gafanhotos que ameaçava as lavouras de Pelotas/RS

Publicado em: 13/07/22, 
às 11:17
, por IBRAVAG

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No ano em que a aviação agrícola brasileira completa 75 anos, os pioneiros Clóvis Gularte Candiota, Leôncio de Andrade Fonteles e Ada Rogato são lembrados no Congresso AvAg 2022. Eles emprestam seus nomes aos espaços multiusos colocados em localização estratégica no Centro de Eventos Zanini. Uma forma de manter viva a memória destes pioneiros que com determinação, conhecimento e coragem fizeram a diferença colocando o Brasil em 19 de agosto de 1947 na lista dos poucos países que detinham a tecnologia de aplicação aérea. A ferramenta, que hoje possui alta tecnologia embarcada e está focada nas boas práticas, tornou-se imprescindível para garantir a segurança alimentar.

PIONEIRISMO: Candiota dentro do Muniz M9 do primeiro voo com aeronave agrícola no Brasil para combater gafanhotos em Pelotas/RS

O avião foi usado pela primeira vez como ferramenta de aplicação de defensivos em 3 de agosto de 1921 para combater lagartas em uma floresta comercial de catalpa perto de Dayton, em Ohio/EUA. Vinte e seis anos depois, aconteceu o primeiro voo agrícola no Brasil motivado pelo avanço da praga de gafanhotos sobre as lavouras no Rio Grande do Sul. O fato ocorreu no final da tarde de 19 de agosto de 1947, uma terça-feira, em Pelotas. O piloto Clóvis Gularte Candiota, hoje patrono da aviação agrícola brasileira, levantou voo com um biplano Muniz M-9, prefixo PP-GAP, acompanhado do engenheiro agrônomo Leôncio de Andrade Fontelles, que operou manualmente uma espécie de polvilhadeira para lançar inseticida em pó sobre os insetos.

A movimentação que resultaria na criação da aviação agrícola brasileira começou dias antes diante do monitoramento das nuvens do gafanhoto migratório (Schistocerca cancellata), nativo da América do Sul. Os voos de reconhecimento foram solicitados por Fontelles, então chefe do Posto de Defesa Agrícola do Ministério da Agricultura em Pelotas, para as diretorias dos aeroclubes local, de Bagé e de Jaguarão.

MANUAL: Fontelles operou uma espécie de polvilhadeira, produzida por um funileiro local, que liberava jatos do inseticida em pó

Os relatos do rápido avanço da praga dizimando lavouras pela região fez com que Fontelles optasse pelo combate aéreo. Firmou parceria com o aeroclube de Pelotas e encomendou a um funileiro uma espécie de polvilhadeira, que foi acoplada ao avião para aplicar inseticida em pó sobre a nuvem de gafanhotos.

CURIOSIDADES

Embora os jornais da época houvessem relatado a operação de combate aéreo a gafanhotos, muitas histórias sobre o 19 de agosto de 1947 foram reveladas somente durante a Primeira Reunião Anual dos Aplicadores Aéreos Brasileiros, dentro da 3ª Feira Técnica Agrícola (Fetag). O piloto Clóvis Gularte Candiota foi convidado especial do evento promovido pelo Ministério da Agricultura, de 8 a 18 de julho de 1971, em São Paulo/SP, e relatou fatos que estavam somente em sua memória e de Fontelles.

Tudo começou com um equívoco do jornal Correio do Povo, em 1970, ao noticiar o então projeto do avião agrícola Ipanema. A matéria apontava a piloto Ada Rogato como autora do primeiro voo agrícola no Brasil em 1948, no combate à broca-do-café em São Paulo/SP. Candiota manifestou-se contra o esquecimento da operação realizada em Pelotas, no ano de 1947.

O primeiro voo com avião agrícola do Brasil não ocorreu no calor da hora. O piloto Clóvis Gularte Candiota e o engenheiro agrônomo Leôncio de Andrade Fonteles deixaram tudo pronto para a decolagem. Os dois ficaram de sobreaviso até a tarde de 19 de agosto, quando pouco depois das 16 horas chegou o alerta de uma nuvem de gafanhotos sobre Pelotas. Os dois decolaram e a operação, que foi um sucesso, deu início à aviação agrícola no Brasil. O combate aéreo a gafanhotos continuou nas semanas seguintes – a praga de gafanhotos entre 1946 e 1947 foi uma das maiores da história do País.

Candiota e Fontelles mantiveram a parceria e apostando na eficiência da ferramenta, tornaram-se sócios na primeira empresa aeroagrícola do Brasil. A Serviço Aéreo Nacional de Defesa Agrícola – Sanda atuou no combate a gafanhotos e outras pragas para o governo gaúcho e produtores rurais até o final da década de 1950.

Ada Rogato foi a primeira mulher piloto aeroagrícola brasileira e a segunda no mundo – a primeira mulher a pilotar um avião agrícola no mundo foi Mirta Vanni (leia mais nas páginas 40 e 41).

O voo de Ada Rogato ocorreu no dia 7 de fevereiro de 1948, um sábado de carnaval, seis meses depois da primeira operação em território brasileiro. Neste mesmo voo, a paulista também inaugurou a aplicação em lavouras de café no mundo.

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