A safra do algodão 2019/2020 deve chegar à casa dos 2,86 milhões de toneladas colhidas. Desse montante, estima-se que 1,95 milhão de toneladas sejam exportadas. Um recorde na série histórica, mantendo o Brasil na quarta posição no ranking mundial de produção e o segundo maior exportador da fibra, atrás somente dos Estados Unidos. Posição alcançada com a safra 2018/2019, resultado do trabalho contínuo de entidades setoriais, como a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), presidida por Milton Garbugio (2019/2020). Cotonicultor desde 2000, somou a atividade à produção de milho, soja e pecuária, mas logo o algodão se tornou o carro-chefe de sua fazenda em Campo Verde, no Mato Grosso, Estado que lidera a produção brasileira da pluma, seguido da Bahia.
Garbugio também preside a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e entende que o principal desafio do setor é abrir mercado no exterior. Segundo ele, para conquistar e manter espaço são imprescindíveis as boas práticas socioambientais adotadas pelos cotonicultores brasileiros, produzindo um algodão responsável. A qualidade alcançada na fibra vem da tecnologia de ponta no manejo, do plantio à colheita, evitando assim a contaminação da pluma. Neste processo, as pulverizações aéreas são fundamentais, principalmente no combate ao bicudo, principal praga nesse tipo de lavoura.
Para o presidente da Abrapa, “a aviação agrícola trouxe um grande avanço devido à agilidade e eficiência, porque o algodão é uma cultura que cresce e fecha”. Além disso, como o cultivo é de longo prazo – em torno de 200 dias para a colheita, a variação climática, como muitas chuvas, pode impedir a entrada de máquinas terrestres na lavoura. Isso sem contar que a pulverização aérea evita dano mecânico e conta com uma legislação severa e tecnologias de ponta: o que favorece tanto a fiscalização por organismos governamentais quanto o controle por parte do produtor.
Se dentro da porteira o manejo é determinante para a qualidade do algodão colhido, no outro lado a reputação também faz a diferença. Atualmente, conforme o portal Sou Algodão, 30% da fibra licenciada pela Better Cotton Iniciative (BCI) do mundo saem das lavouras brasileiras – a BCI licencia pouco mais de 70% da produção total.
Ele ainda comemora as boas notícias do setor, como a agilização do embarque das exportações no Porto de Santos, de 2019 para 2020, e prevê que o algodão brasileiro pode um dia se tornar referência mundial, como ocorreu com a soja. Além da liderança de diferentes entidades setoriais do algodão, Garbugio também tem no currículo a política partidária: atualmente é vice-prefeito de Campo Verde, distante 130 quilômetros de Cuiabá.
A sua família plantava algodão no Paraná e, ao mudar para o Mato Grosso, focaram em outras culturas. O que fez voltar ao algodão no ano de 2000?
Milton Garbugio – No Paraná, meu pai plantava algodão, mas era aquela lavoura braçal. Aquela lavoura pequena, que não tem nada a ver com a desenvolvida hoje. O manejo mudou totalmente. O que me levou a plantar algodão no Mato Grosso foi o lado econômico. O algodão dá dinheiro? Sim. Por isso, resolvi plantar algodão. Não foi pela tradição. Inclusive, eu não tinha conhecimento nenhum da lavoura de algodão. Quem tinha era meu pai. Na época, no Paraná, eu era muito jovem, adolescente, não conhecia nada. Eu ia ajudar a colher algodão com a mão e via como se trabalhava.
O Brasil está
aumentando muito a produção e precisamos
colocar esse algodão
no mercado mundial.
Principalmente na Ásia,
nosso carro-chefe
Quando o senhor e sua família se mudaram para o Mato Grosso?
Milton Garbugio – Eu vim para o Mato Grosso em 1983. Nós éramos uma família de nove irmãos e viemos em busca de oportunidades.
O senhor assumiu a presidência da Abrapa em 2019. Qual é a sua principal preocupação como dirigente da entidade setorial?
Milton Garbugio – Hoje, a maior preocupação do produtor de algodão é a liquidação da produção. Isto é: entregar os contratos firmados. O Brasil está aumentando muito a produção e precisamos colocar esse algodão no mercado mundial. Principalmente na Ásia, que é o nosso carro-chefe em termos de exportação da fibra. Enquanto o Brasil é novo na exportação do produto, há muitos países que já são tradicionais no mercado. Mas aos poucos vamos conquistando espaço.
O Brasil exporta desde quando?
Milton Garbugio – Em pouco volume, o Brasil exporta há mais de dez anos. Mas, de quatro a cinco anos para cá, estamos aumentando a quantidade vendida para o mercado externo. Se pegar as últimas duas safras, a exportação dobrou. Hoje, aparecemos no ranking como o segundo maior exportador de algodão do mundo.
Na seção Palavra do Presidente, no portal da Abrapa, o senhor diz que o algodão é uma das culturas agrícolas mais futuristas. Como se dá o investimento em tecnologia?
Milton Garbugio – No Brasil há poucas instituições que trabalham com pesquisas e desenvolvimento do algodão. Hoje temos parceria com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que é uma parceira na busca de melhoria na parte de biotecnologia. Mas existem algumas instituições privadas, como o IMAmt (Instituto Mato-grossense do Algodão) e a TMG (Tropical Melhoramento & Genética), em Rondonópolis (ambas no Estado), que também trabalham no desenvolvimento de pesquisas em algodão. Hoje, em nível de Brasil, praticamente são essas três instituições que fazem estudos em biotecnologia em variedade e desenvolvimento. Depois, temos as multinacionais, como Bayer e a Basf, que são globais e desenvolvem pesquisas no mundo inteiro.
Quais as perspectivas em melhorias de sementes, manejo e do fio?
Milton Garbugio -Há novidades a caminho. A biotecnologia trabalha muito a melhoria da qualidade do algodão, melhoria da qualidade da fibra e a redução do custo. Buscamos tecnologia para reduzir o uso de defensivos. Hoje, com a própria transgenia há variedades de algodão que tiveram reduzida a necessidade de aplicação de defensivos, o que tem ajudado muito no manejo. Facilita bastante, no dia a dia, um algodão com menor necessidade de insumos.
Já há novidades nesse sentido?
Milton Garbugio – Sempre há. Sempre se está lançando coisas novas, porque as soluções a partir da biotecnologia vão perdendo eficiência com o tempo. Então, é preciso sempre inovar. O grande desafio é buscar variedades que um dia cheguem a ser resistentes até ao bicudo – a principal praga nesse tipo de lavoura. A gente vem trabalhando forte, buscando parceria com todas as instituições de pesquisa – no Brasil e no exterior – para se chegar a uma variedade de algodão que tenha resistência a essa praga.
O nosso algodão é do tipo com fio médio?
Milton Garbugio – O algodão brasileiro tem qualidade igual a do algodão produzido nos Estados Unidos, igual ao da Austrália e igual ao algodão produzido em Israel. É assim: você planta o algodão e cada fardo tem uma qualidade intrínseca. Dependendo do clima, do tempo, pode variar o percentual de algodão com maior qualidade e o percentual de algodão com menor qualidade. É igual no mundo inteiro. Aqui, 92% do algodão é produzido a céu aberto, sem irrigação. Como nosso clima é tropical, você pode ter chuva na colheita ou falta de chuva em um período de desenvolvimento, o que tira a uniformidade da planta. É diferente do algodão produzido em alguns lugares do mundo, que é 100% irrigado e consegue manter uma uniformidade melhor. Não é dizer que o algodão brasileiro tem uma qualidade inferior ao algodão do resto do mundo. A diferença é que a gente pode ter um percentual a menos na colheita de algodão de alta qualidade. Mas produzimos algodão de alta qualidade com fibra longa, com índice micronaire (medida para verificar a qualidade da fibra) excepcional. O algodão brasileiro é tão bom quanto o produzido no resto do mundo.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2019/2020 deve ser a maior da história, alavancada justamente pelos investimentos no setor. Além das pesquisas, houve outros investimentos?
Milton Garbugio – A gente espera para esta safra (2019/2020) uma produção perto de 3 milhões de toneladas. Isso, um pouco, devido aos preços do algodão praticados na safra 2017/2018, que estavam bem melhores do que os praticados hoje. O algodão é uma cultura onde se trabalha bastante com o mercado futuro. Então, 70% do algodão que está sendo colhido agora, em meio à crise do dólar e o impacto da pandemia do coronavírus nas fábricas, já estava vendido. A lavoura de algodão, soja ou milho é resultado de um planejamento que você faz um ano ou dois anos antes. O produtor é bem esclarecido do percentual de lucro que vai obter.
Nas áreas onde se planta algodão, está previsto o rodízio de culturas como ocorre na soja e no milho?
Milton Garbugio – Sim. Você pode plantar algodão, milho, soja. No Mato Grosso, por exemplo, 90% do algodão colhido é a segunda cultura anual na mesma terra. Tira-se a soja em janeiro e planta-se algodão.
O algodão brasileiro é considerado um dos melhores do mundo. Mas não foi sempre assim: no início do milênio o produto nacional tinha uma reputação duvidosa no mercado interno e internacional. O que mudou nestas duas décadas?
Milton Garbugio – O algodão do passado – duas, três décadas atrás – era uma cultura de subsistência, que utilizava trabalho braçal em larga escala, principalmente na hora de colher o produto. Hoje, a colheita do algodão é 100% mecanizada, com grande eficiência, trazendo também uma qualidade melhor para a fibra, pois não há contaminação decorrente do trabalho manual. Nosso algodão vem ganhando espaço muito grande no mercado mundial devido à melhoria da qualidade da fibra, muito em função do processo de colheita.
Mas a qualidade também tem a ver com as boas práticas na lavoura, do ponto vista socioambiental…
Milton Garbugio – Isso. A gente chama de algodão responsável, trabalhado com boas práticas.
A aviação agrícola ajuda nesse ponto?
Milton Garbugio – A aviação agrícola trouxe um grande avanço para a cultura do algodão, que é de longo prazo: demora 200 dias para ser colhida. Na fase mais produtiva, usa-se muito a aviação agrícola, para evitar danos mecânicos à lavoura, para se ter eficiência de produto e pela rapidez na aplicação. Hoje, boa parte do algodão brasileiro é tratado por aviões.
Do ponto de vista de produtividade, qual a diferença entre a pulverização aérea em relação à pulverização terrestre?
Milton Garbugio -O normal ainda é a pulverização feita com máquinas terrestres, mas a aviação agrícola trouxe um grande avanço devido à agilidade e eficiência, porque o algodão é uma cultura que cresce e fecha. Além disso, como o algodão é uma cultura de longo prazo, pode ocorrer muita chuva durante o período que ele está vegetando e aí não se consegue entrar na lavoura com máquinas terrestres. Se ocorre uma praga, como uma lagarta que está prejudicando o algodão, a ferramenta aérea consegue dar conta. É uma ferramenta necessária.
Qual ferramenta o senhor utiliza na lavoura?
Milton Garbugio – Eu não tenho avião. Eu uso a pulverização terrestre. Quando preciso de uma aplicação urgente (aérea), eu terceirizo. Estou em uma região que tem boa disponibilidade do serviço (de empresas aeroagrícolas). Então, não tenho aeronave própria por opção minha. Mas quem está em uma região em que não tenha essa oferta de trabalho (aéreo) é quase obrigado a adquirir uma aeronave. Vai muito de região para região e da visão do produtor.
De que forma as empresas aeroagrícolas poderiam conquistar espaço na parceria com os cotonicultores. Que diferenciais buscam os produtores de algodão no trato das lavouras?
Milton Garbugio – A terceirização depende muito de onde o produtor está e quem é a pessoa que presta esse serviço. Mas vai muito do custo, cada agricultor mede o seu custo: há os que optam pela aquisição de uma aeronave porque pretendem aumentar a extensão da área plantada. Há produtores grandes e pequenos que compram avião. Vai da necessidade de cada um e da disponibilidade de operadores aeroagrícolas na região em que se está.
A aviação agrícola é seguidamente alvo de mitos em relação às pulverizações nas lavouras. No entanto, sabe-se que se trata de uma ferramenta muito segura, tanto tecnologicamente quanto pela legislação severa que atende. Como o senhor vê essa questão?
Milton Garbugio -Eu gosto de avião. Acho que é uma baita ferramenta para a agricultura. Acredito que as operadoras aeroagrícolas precisam defender mais as aplicações, explicar aos políticos como funciona o trabalho de pulverização aérea. O avião se torna imprescindível em alguns casos. Se no ano que vem, em qualquer cultura, no milho, na soja ou no algodão, chova dois, três dias e não se consiga entrar com (equipamento) terrestre na lavoura para combater uma praga que está prejudicando sua produção, o que se faz? Por que se usa avião quando pega fogo no meio da cana, no meio da mata? Porque não há outra ferramenta tão eficiente. É a única capaz de controlar praga logo após um período chuvoso ou quando, de uma hora para outra, algo como a helicoverpa (Helicoverpa armígera, lagarta voraz que já colocou Estados em emergência fitossanitária) ataca tudo de uma vez, como aconteceu em 2013 e 2014.
No caso dos drones, a tecnologia tem conquistado espaço nas lavouras de algodão?
Milton Garbugio – O uso de drones ainda está muito restrito à área da pesquisa e à aplicação de alguns produtos muito concentrados e biológicos para combate a pragas, mas não tenho conhecimento de causa para falar desses produtos. Também em grande escala, ainda não vi nada. Acho que é uma coisa mais para o futuro. Isso para nós não é presente ainda.
Que tipo de estratégia está sendo pensada para incrementar o marketing do algodão? O projeto setorial para promover a pluma brasileira no exterior teria ganho ainda mais urgência com a pandemia do coronavírus…
Milton Garbugio – Na realidade, os projetos de marketing desenvolvidos para este ano e 2021 foram iniciados ainda no ano passado. Dentro de uma plataforma nossa, a Abrapa abriu uma filial na Ásia, com uma pessoa para trabalhar a promoção do algodão brasileiro. Para abrir espaço para nosso algodão na Ásia, precisamos estar presentes lá. Não basta ir uma, duas ou três vezes por ano visitar o cliente e voltar. É preciso ter uma pessoa lá, constantemente fazendo visitas e mostrando o algodão brasileiro para a indústria e para os governos daquela região. Principalmente na China, maior comprador mundial de algodão e maior consumidor do nosso produto, a mão do governo local está presente em todo o investimento. Também contamos com apoio do governo brasileiro, pela Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). Pela parceria Abrapa e Apex-Brasil, podemos usar o nome do governo brasileiro nas negociações. A Abrapa é a primeira entidade da agricultura respondendo pelo produtor brasileiro lá. Há representantes da indústria, do comércio, mas em produção agrícola mesmo, os primeiros somos nós. Acredito que vá dar também uma dimensão melhor para o mercado do nosso produto. Como aconteceu com a soja: hoje, o Brasil é o maior exportador de soja do mundo e a soja brasileira é referência mundial. Creio que, logo, o algodão deva se tornar referência também.
De acordo com o ICAC (Comitê Consultivo Internacional do Algodão), o Brasil é o quarto maior produtor de pluma mundial, ficando atrás da Índia, China e Estados Unidos, e o segundo maior exportador, atrás somente dos norte-americanos. Em entrevista ao Globo Rural, em abril deste ano, o senhor alertou para a possibilidade de uma redução de até 40% na área plantada para a próxima safra, em função do coronavírus. Isso provocaria uma perda no status do algodão brasileiro em termos globais, ou todos os países tenderiam a reduzir também?
Milton Garbugio – A pandemia chegou no Brasil no fim de fevereiro. De uma hora para a outra, caiu na nossa cabeça. Esse vírus trouxe para o Brasil uma crise que a gente desconhecia e atingiu diretamente o algodão. O produto saiu de 75 a 80 centavos de dólar a libra-peso e foi para 48 centavos de dólar a libra-peso. Isso provocou um caos no mercado. O algodão é uma commodity dolarizada, mas o seu custo também é pela moeda americana e, na época dessa declaração, o mercado estava caindo rapidamente. Fui bem claro na ocasião. Disse: “se o mercado não reanimar, se o consumo mundial não retornar, pode ser que o algodão caia drasticamente”. Mas, graças a Deus, era uma hipótese que não se confirmou e o preço hoje subiu uns 15%. Toda crise uma hora passa, e esperamos colher bons frutos do algodão em um futuro bem próximo.
Há uma preocupação em aumentar a produtividade do algodão por hectare? Como na soja, por exemplo, onde se busca aumentar a produção sem ampliar a área plantada e, assim, reduzir o impacto ambiental.
Milton Garbugio -Isso já vem acontecendo no algodão. O Brasil tem uma das melhores médias do mundo de algodão (1.771 quilos de pluma por hectare). Produtividade que é quase o dobro dos Estados Unidos e três ou quatro vezes mais que a Índia por hectare. O Brasil tem tudo para crescer ainda mais. Por isso, precisamos ter mercado e alguém que nos represente e dê confiança para o mercado. O comprador de algodão quer qualidade, quer seriedade no negócio feito, quer pontualidade na entrega do produto. O Brasil não tinha essa visão, era conhecido como um país que vendia um produto de má qualidade, sem responsabilidade na produção e sem confiança. Provamos para o mercado mundial que nós não somos assim. Essa mudança de reputação faz parte do trabalho da Abrapa ao longo de sua existência.
O volume embarcado em março deste ano foi 35% maior que o volume registrado no mesmo mês em 2019, mas o maior comprador do mês agora não foi a China e sim o Vietnã. O mesmo fenômeno ocorreu em fevereiro. O Brasil está mudando a distribuição do produto no mercado externo ou é sazonal este comportamento?
Milton Garbugio – Nos meses de janeiro e fevereiro, o problema da pandemia atingiu principalmente a China. Acredito que por isso o país estava segurando as importações. Isso passou e eles voltaram a importar algodão. É provável que esse número maior (do Vietnã) em março tenha sido reflexo do freio que (a China) teve em janeiro. O Brasil se mostrava precário em relação ao embarque das exportações há um ano ou dois anos. Então, de 2019 para 2020 se viu um avanço muito grande, principalmente no Porto de Santos, de onde 90% do algodão brasileiro sai para o exterior. Tivemos uma eficiência muito grande no embarque de algodão. Eu não sei se foi porque outros produtos tiveram suas exportações reduzidas, mas a gente bateu recordes mês a mês na exportação do algodão. É uma coisa que nos deixou surpresos. Uma boa notícia para o setor.
O que o senhor diria para a sociedade entender a importância do algodão para o Brasil e na vida de cada pessoa?
Milton Garbugio -O algodão é uma fibra natural conhecida há milhares de anos e é um produto de produção responsável. Cada meia ou pedaço de tecido com fibra sintética é um potencial poluidor do meio ambiente. O algodão não é assim. Trata-se de uma fibra natural: ela se decompõe e vira matéria orgânica. Se cada pessoa se conscientizar sobre a importância dessa fibra, acredito que teremos um mundo bem melhor em relação a poluição. A indústria do algodão é mais consciente.
Há algum estudo sobre produtos alternativos ou de valor agregado?
Milton Garbugio -O tecido é o carro-chefe, mas o algodão tem várias utilidades. Há o algodão hospitalar, hidrófilo, que é desidratado e absorve água ou umidade. Esse algodão é usado na medicina e para outras finalidades. É um mercado menor, mas importante.
Existe estudo de outros usos para o algodão?
Milton Garbugio -O algodão tem dois processos. Na usina, você tira a fibra do caroço. Aí você tem dois produtos. O caroço é destinado para fazer óleo comestível. Depois que você extrai o óleo, tem ainda o farelo, que é usado para a nutrição animal. Você pode usar o caroço inteiro in natura para consumo animal também. Por exemplo, para o gado leiteiro.