Qualidade da pulverização por meio de aeronave remotamente pilotada na cultura do citrus

O trabalho “Qualidade da pulverização com aeronave remotamente pilotada na cultura dos citros” conquistou o segundo lugar no Congresso Científico da Aviação Agrícola 2023, que ocorreu durante o Congresso Avag 2023 nos dias 18, 19 e 20 de julho. A avaliação ficou a cargo do Conselho Científico formado por especialistas e doutores em agronomia e veterinária.

Publicado em: 02/12/23, 
às 16:02
, por IBRAVAG

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AUTORES

Thales Gomes dos Santos
Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical (PPGAT), Universidade Federal do Espírito Santo, campus São Mateus (UFES/CEUNES).

João Guilherme Pereira Nunes
Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical (PPGAT), Universidade Federal do Espírito Santo, campus São Mateus (UFES/CEUNES).

Edney Leandro da Vitória
Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical (PPGAT), Universidade Federal do Espírito Santo, campus São Mateus (UFES/CEUNES).

Correspondente: edney.vitoria@edu.br

Resumo: Objetivou-se com esse trabalho avaliar o efeito da altura de operação de uma aeronave remotamente pilotada em diferentes rotações sobre os parâmetros da taxa de cobertura de gotas, densidade e o diâmetro da mediana volumétrica das gotas pulverizadas, no cultivo da lima ácida ‘Tahiti’. Os parâmetros operacionais foram avaliados nesse estudo para as variáveis densidade de gotas e diâmetro da mediana volumétrica (DMV) para as árvores cítricas. O experimento foi conduzido em uma lavoura de citrus, com delineamento em blocos casualizados em esquema fatorial 3 x 2, sendo três alturas de operacionais de voo em relação à copa de limão ‘tahiti’ (2,0, 3,0 e 4,0 m) e dois níveis de rotação da ponta centrífuga (7.500 e 10.500 rpm), com 4 repetições por tratamento. Empregou-se o DropScope Wireless para leitura das gotas depositadas no papel hidrossensível. Houve interação da altura de voo com a rotação das pontas, não havendo diferença em 4 metros de altura. A densidade de gotas foi maior na rotação de 10.500 rpm e o DMV foi de 326,25m em 7.500 rpm. A rotação de 10.500 rpm apresentou melhores resultados para a densidade de gotas.

Palavras-chave: Drone, Densidade de gotas, DMV, Limão.

Introdução

A lima ácida (Citrus latifolia Tanaka), popularmente conhecida como limão ‘tahiti’, vem despertando interesse para a ampliação dos plantios comerciais. O Brasil apresenta 92% de sua produção destinada para o mercado interno. Apesar da alta produção da lima ácida ‘Tahiti’, há muitos desafios na citricultura brasileira. 

Segundo Tang et al. (2018), o emprego de aeronaves remotamente pilotadas (ARP) para proteção de plantas vem aumentado nos últimos anos, além da facilidade na operação em áreas de difícil acesso, também podem reduzir em até 80% os custos com insumos. Entretanto, o desempenho da pulverização e os parâmetros operacionais de ARPs devem ser avaliados no intuito de elucidar os efeitos na distribuição de gotas pulverizadas e atingir a eficiência esperada (MENG et al., 2020).

Existem poucas pesquisas realizadas sobre a pulverização aérea e os parâmetros operacionais ideais para árvores cítricas nas condições do Brasil, sendo assim, objetivou-se com esse trabalho avaliar o efeito da altura de operação de uma aeronave remotamente pilotada em diferentes rotações sobre os parâmetros da taxa de cobertura, densidade e o diâmetro da mediana volumétrica das gotas pulverizadas, no cultivo da lima ácida ‘Tahiti’.

Materiais e Métodos

O experimento foi realizado em novembro de 2020, na Fazenda Rio Preto, da empresa Bello Fruit, situada na cidade de São Mateus – Espírito Santo, latitude 18°49’34.1”S e longitude 39°54’11.2”W. A área experimental é uma lavoura de limão ‘Tahiti’ enxertado sobre o trifoliata ‘Flying Dragon’ com espaçamento de 6,0 m entre linhas e 2,0 m entre plantas, e idade de 07 anos. No experimento, foram selecionadas as linhas de plantio contendo árvores com porte de 2,50 m. 

Tabela 1

O delineamento experimental foi em blocos casualizados, em esquema fatorial 3 x 2, sendo três alturas operacionais de voo em relação à copa do limoeiro (2,0; 3,0; e 4,0m) e duas rotações do dispositivo de distribuição da calda (7.500 e 10.500 rpm) e quatro repetições por tratamento. O sobrevoo do ARP foi de 60,0 m com a direção alinhada no centro da copa das árvores cítricas.

O ARP usado no experimento foi da marca Joyance®, modelo JT – 5, possuindo uma capacidade de tanque de 5 litros e autonomia de 10 a 25 minutos, 6 rotores, dois distribuidores centrífugos, velocidade de voo entre 0 e 12 m s-1 e velocidade de operação de 0 a 8 m s-1.

Foram selecionadas 3 linhas de plantio para cada tratamento, sendo as duas linhas externas empregadas como bordadura e a central utilizada para a avaliação.

Em cada tratamento foi selecionada uma planta da linha de plantio, na qual, foram fixadas, no terço médio na porção mais externa da copa, quatro etiquetas de papel hidrossensível Herbicat© (76×26 mm), duas no sentido da linha e duas na entrelinha de plantio.

Para analisar a deposição das gotículas, preparou-se uma calda contendo água e adjuvante redutor de deriva, Helper Air©, com volume de calda de 10 L ha-1. A velocidade de voo foi de 5 m s-1. A aferição da rotação dos bicos foi realizada por meio de um tacômetro digital óptico mira a laser, modelo Akrom Kr98©. 

A quantificação e a caracterização dos impactos em cada etiqueta de papel hidrossensível foram realizadas após as aplicações em cada tratamento e secagem das etiquetas. Empregou-se o DropScope Wireless©, leitor de papel hidrossensível composto por programas, área web para a visualização e compartilhamento de análises, e um microscópio digital sem fio com sensor de imagens digitais com mais de 2500 dpi. Os seguintes parâmetros foram avaliados: diâmetro médio de volume (DMV, µm) e densidade de gotas (gotas cm-2).

Com base nos resultados gerados pelo aparelho, os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F e à comparação das médias pelo teste Tukey (p≤0,05) com auxílio do software Rbio.

Figura 1. Variações das médias da densidade de gotas (A) […]
[…] e do diâmetro médio volumétrico (DMV) (B) para as rotações de 7.500 e 10.500 rpm e para as alturas de dois, três e quatro metros.

Resultados e Discussão

Observa-se na Tabela 1 os valores dos testes F e coeficiente percentual de variação experimental do parâmetro densidade de gotas e DMV na análise de variância. Nos parâmetros de densidade gotas, não houve diferença significativa para a maioria das fontes de variação, apenas para a rotação, indicando que a rotação influencia diretamente na densidade gotas. Não houve interação entre os parâmetros operacionais, portanto, a rotação não variou com as diferentes alturas. Quanto aos valores de DMV, observa-se que houve diferença significativa para as variáveis rotação e altura, porém, não houve interação entre elas. Indicando que estas varáveis atuam de forma independente nos valores de diâmetro da mediana volumétrica.

Analisando a rotação isoladamente em função da densidade de gotas, observa-se que a rotação de 10.500 rpm proporcionou maiores valores, indicando que quanto maior a rotação, maior fragmentação de gotas e maior será o número, das mesmas, por área (Figura 1 A). Os resultados de densidade de gotas encontrados são consolidados por Matthews et al. (2016). A altura não influenciou estatisticamente no parâmetro densidade de gotas (Figura 1 A). Qin et al. (2018) corroboram que a altura possui influência na densidade de gotas.

A figura 1 B apresenta as variações das médias do diâmetro médio volumétrico (DMV) para as diferentes rotações e alturas. Observa-se que houve maior DMV para a rotação de 7.500 rpm quando comparado com a rotação de 10.500 rpm. Indicando que quanto menor a rotação, maior será o DMV. Observa-se que houve diferença significativa entre as alturas de dois e três metros, porém, a altura quatro metros, não diferiu estatisticamente entre elas. Sendo que com altura de dois metros nota-se maior valor de DMV de 301,08 µm.

Os trabalhos realizados apresentaram diferenças estatísticas para alturas inferiores a 2 m, portanto, estudos posteriores devem ser realizados para avaliar a influência da altura de voo em níveis mais baixos, buscando encontrar resultados expressivos na densidade de gotas para os citrus. As médias de diâmetro de gotas foram superiores a 100m, indicando uma pulverização com segurança ambiental, visto que gotas acima desse valor, apresentam menores riscos de deriva (ZAMPIROLI et al., 2019). 

Conclusão

Maiores rotações da ponta centrífuga aumenta a taxa de cobertura das gotas pulverizadas, não sendo influenciada pela altura. A densidade foi influenciada pela maior rotação e a pulverização apresentou médias altas de DMV, caracterizando uma aplicação segura com uso de ARP.

Referências bibliográficas

MATTHEWS, G. A.; BATEMAN, R.; MILLER, P. Métodos de aplicação de defensivos agrícolas. 4. ed. São Paulo: Andrei, 2016.

MENG, Y.; SU, J.; SONG, J.; CHEN, W-H.; LAN, Y. Experimental evaluation of UAV spraying for peach trees of different shapes: Effects of operational parameters on droplet distribution. Computers and Electronics in Agriculture, v.170, 2020.

QIN, W.-C., QIU, B.-J., XUE, X.-Y., CHEN, C., XU, Z.-F., ZHOU, Q.-Q. Droplet deposition and control effect of insecticides sprayed with an unmanned aerial vehicle against plant hoppers. Crop Protection. v. 85, p. 79 – 88. jul. 2016.

TANG, Y.; HOU, C. J.; LUO, S. M.; LIN, J. T.; YANG, Z.; HUANG, W. F. Effects of operation height and tree shape on droplet deposition in citrus trees using an unmanned aerial vehicle. Computers and Electronics in Agriculture, v. 148, p.1-7, 2018.

ZAMPIROLI, R.; ALVARENGA, C. B.; RINALDI, P. C. N.; CARVALHO, V. A. M.; PRADO, J. R.; SILVA NETO, A. T. Parâmetros técnicos da tecnologia de aplicação aplicados à pulverização hidropneumática em diferentes condições operacionais.  Revista de Ciências Agrárias Amazonian Journal of Agricultural and Environmental Sciences, v. 62, 2019.

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