Cláudio Júnior Oliveira
Economista, diretor operacional do Sindag e Coordenador de Ensino, Pesquisa e Mentoria do BPA
A pesquisa Culturas Brasileiras & Aviação Agrícola apresentada em julho deste ano, durante o congresso do setor, chega como uma importante ferramenta para operadores comporem seu planejamento estratégico e a tomarem decisões cada vez mais acertadas. O estudo integra as ações do programa Boas Práticas Aeroagrícolas (BPA) Brasil, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que tem como propósito elevar a gestão das empresas do setor.
Essa pesquisa apresentou dados extremamente importantes para o setor e pode ser acessada por todos os participantes do BPA. Ela mostra que a atividade está em pleno crescimento no País e que as empresas devem estar conectadas às mudanças de mercado, mesmo que a cultura esteja em alta no momento. Ainda apontou os Estados do Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, como os com maior potencial para o crescimento da aviação agrícola.
Para entender melhor, o estudo teve como objetivo o levantamento de informações das principais culturas brasileiras atendidas pelo setor aeroagrícola, levantando dados históricos de produção e perspectivas para os próximos anos das 18 principais culturas atendidas pelo setor. Para cada uma destas principais culturas, foram explorados dados secundários relacionados à área cultivada nos últimos 22 anos (IBGE), a área cultivada por Estado e dados referentes à produção no País e no mundo.
Com esses dados, foi possível, por meio de séries temporais, estimar a evolução da área plantada até 2025 para cada cultura. Também foram realizadas entrevistas com entidades representativas de cada cultura, especialistas, empresas de aviação agrícola e produtores rurais. Por fim, foi realizada uma análise agregada do potencial do setor para o País e as expectativas de diferentes cenários para o crescimento da atividade.
Para sintetizar, algodão, banana, cana-de-açúcar, centeio, cevada, florestal, milho, soja, sorgo e pastagem são culturas que a área de plantio continua crescendo. No entanto, quando se fala nas culturas do arroz, da batata, do café, da laranja, da mandioca, as aeroagrícolas devem ficar atentas às movimentações do mercado, pois apresentam desafios.
Vamos falar da soja, uma das principais culturas do agronegócio brasileiro, com uma produção que representa 38,8% do total mundial, liderada pela Região Centro-Oeste. Há indicativos de que a área destinada ao plantio do grão cresça, passando dos atuais 42.875,4 mil hectares para 45.644 mil hectares em 2025. Vale lembrar que a soja e seus subprodutos são bastante demandados pelos Estados Unidos e pela China. Embora a China seja um grande produtor, ela é a maior importadora de soja do mundo. A aplicação aérea se destaca por atender quando o solo está encharcado pela chuva, por não amassar a cultura, pela agilidade diante das emergências, como o ataque da ferrugem asiática, e contribui para uma melhor produtividade por hectare.
Ainda falando de culturas promissoras, o Brasil responde por 10% da produção mundial de algodão, sendo a maior parte cultivada na Região Centro-Oeste. As estimativas indicam que a área destinada ao plantio do algodoeiro poderá chegar a 1.512 mil hectares em 2025, e o setor aeroagrícola é fundamental para garantir a produtividade e racionalização dos custos.
Já o arroz aparece entre as culturas que terão variação da área plantada, devido a adoção do sistema de rotação de culturas, principalmente, com a soja. Assim, a tendência é ter sua área reduzida. Mesmo assim, é um mercado estável, especialmente, onde há plantio de arroz irrigado. Para saber: hoje, o Brasil contribui com cerca de 1,4% da produção mundial do cereal, sendo 70% do plantio concentrado no Rio Grande do Sul.
Atendimento da frota
De uma forma geral, no Brasil, a área de cultivo atual das culturas analisadas (excetuando pastagens) soma 96.630,4 mil hectares. Ressalva deve ser feita para múltiplas safras em uma mesma área, tal como acontece quando há rotação de culturas. Conforme evidenciado no gráfico, há uma previsão de crescimento de 8.109,1 mil hectares até 2025 na área de produção que o setor atende. Isso significa que conforme o gráfico apresenta um aumento médio de 3% ao ano.
A pesquisa também mostrou que a aplicação aérea atende de 25% a 30% das culturas analisadas. E, para atender a demanda no ano de 2025 com o mesmo percentual, o setor deve ampliar a frota em pelo menos 3% ao ano. Vale lembra que nos anos anteriores, o número de aeronaves cresceu em média 4%. A pesquisa nos mostra que o setor aeroagrícola está avançando em locais que não utilizavam aplicação aérea. É importante salientar que a pesquisa não levou em consideração a frota de drones que está em pleno crescimento no País.
Média de área plantada anual: 1.111,34 mil hectares
Estimativa 2023: 1.455,63 mil hectares
Estimativa 2024: 1.484,15 mil hectares
Estimativa 2025: 1.512,68 mil hectares