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Inovação de agroinsumos está alinhada à sustentabilidade

Críticas ignoram a evolução de produtos químicos e biológicos aplicados pela aviação agrícola

Publicado em: 02/07/25, 
às 11:37
, por IBRAVAG

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Alinhada às exigências do mercado global, a aviação agrícola está atenta aos desafios ambientais, contribuindo para uma agricultura de baixo carbono, bem como redução dos impactos da agricultura nos ecossistemas. Mesmo assim, a atividade é vítima de preconceitos frequentemente. E um dos fatores é a falta de conhecimento da sociedade sobre os produtos aplicados nas lavouras. A exemplo dos avanços da tecnologia embarcada nas aeronaves possibilitando aplicações mais seguras e precisas, os agroquímicos, bem como os bioinsumos, também tiveram avanços significativos ao longo dos anos.

O engenheiro químico e mestre em engenharia de produção João Antônio Ramos Castro destaca que as moléculas mais modernas têm como principal característica classificações toxicológicas e ecotoxicológicas de menores riscos. “Apresentam também o aspecto de degradação mais acelerada, reduzindo o tempo de meia vida da molécula, tendo um ciclo de vida mais curto, desta forma evitando as bioacumulações”, reforça o também sócio-diretor da Gran Agro Produtos Agrícolas.

Para Castro, os ataques à cadeia produtiva do agro, onde se encontra a aviação agrícola, faz parte de interesses para estagnar ou até mesmo retroceder o avanço do agronegócio brasileiro, usando a preservação ambiental como escudo. Aponta que, na safra de 2024, a agricultura ocupou 9,3% do território brasileiro, com algumas regiões produzindo três safras no ano de culturas diversas, com qualidade de grãos e frutos de excelência. Tudo isso, reflexo do desenvolvimento tecnológico e da inovação do setor.

Inovações que vão desde sementes de ciclos mais curtos, manejo adequados (uso de defensivos, fertilizantes e adjuvantes de qualidade diferenciada), maquinários de ponta até mão de obra cada vez mais capacitada. O agro brasileiro segue focado no binômio produtividade e preservação, enquanto, em outros países, a agricultura é totalmente subsidiada. “Sem esta campanha massiva equivocada, não só contra o agro, mas em todos os ramos industriais do País, o Brasil estaria entre as maiores economias do mundo”, acredita o engenheiro químico.

Registros de produtos dependem da necessidade de uso

Entre as muitas controvérsias das narrativas contra o agro brasileiro está a questão dos registros de defensivos agrícolas. As falas omitem a questão que envolve as particularidades de cada cultura, solo, clima, pragas e práticas agrícolas em cada país ou região do mundo. “E a premissa básica para registro de defensivos em cada local é se terá  uso no manejo”, acrescenta o engenheiro químico João Antônio Ramos Castro.

Ao fazer uma análise da realidade da agricultura brasileira, o mestre em engenharia de produção observa que o mesmo clima quente e úmido, que permite até três safras por ano dependendo da cultura – feijão carioca, milho, soja, trigo, sorgo – também é mais suscetível a infestação de plantas daninhas, doenças e pragas. “Essa condição tropical aumenta a importância do uso de ferramentas de controle, como os defensivos”, assinala o especialista.

Já nos países com inverno rigoroso, marcado pela incidência de neve, como é o caso do Canadá, Estados Unidos e norte da Europa, o frio age como um controle natural dessas infestações. Isso significa que muitos dos produtos usados no Brasil não são ou serão registrados em outros países simplesmente porque  não há demanda para o defensivo. O contrário também ocorre. “Há produtos registrados em outros países que não são registrados no Brasil. E isso não tem a ver com a segurança ou não do produto”, salienta o engenheiro químico.

20 ANOS

Castro acentua que a regulamentação de defensivos no Brasil é uma das mais rigorosas do mundo. “São aproximadamente 20 anos entre as pesquisas para o descobrimento de novos princípios ativos e a aprovação de um novo produto comercial”, diz o engenheiro químico. A mesma avaliação criteriosa vale para novas formulações de princípios ativos já registrados, que levam na prática, em média, de 1 a 3 anos para a aprovação e posterior comercialização.

Tudo isso, porque antes que o defensivo seja comercializado, ele passa pela avaliação de três órgãos reguladores: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e Ministério da Agricultura (MAPA). São eles que por meio de testagem dizem se o produto é seguro para a saúde humana, para o meio ambiente e a sua eficácia agronômica respectivamente. Podem, inclusive, solicitar a reavaliação de um produto a qualquer momento, sempre que houver novas evidências apontadas pelas organizações nacionais e internacionais das quais o Brasil faz parte.

SEGURANÇA
Castro comenta que a regulamentação do registro de defensivos no Brasil é uma das mais rigorosas do mundo

Maior oferta de produtos não significa aumento do uso

Outra discussão que entra na pauta dos ataques aos agroinsumos refere-se à quantidade de registros de defensivos aprovados no Brasil. Número que vem crescendo desde 2016. “Ao contrário do que muitos acreditam, isso não significa o aumento do uso de defensivos, mas sim a ampliação das opções para os agricultores e maior oferta, através da chegada de novos fornecedores, assim como de novas (e melhores) tecnologias no mercado”, desmistifica o engenheiro químico João Antônio Ramos Castro.

Trata-se de uma questão econômica. O aumento no  uso de defensivos amplia consideravelmente os custos de produção  na agricultura e riscos de redução da produtividade, o que não é interessante para o produtor. Castro reforça que o objetivo é aprovar cada vez mais novas moléculas e/ou novas formulações com moléculas já existentes que sejam menos tóxicas e ambientalmente mais adequadas, para substituir produtos já comercializados.

Registros concedidos

Produtos técnicos novos  – ingredientes ativos para uso industrial;

Produtos técnicos genéricos  – “cópias” de ingredientes ativos inéditos – pós-patentes;

Produtos formulados  – produto comercial que chega ao agricultor. Pode ser químico ou biológico;

Produtos formulados genéricos  – produto genérico – pós-patentes.

Em torno de 70% refere-se a produtos formulados (produtos comerciais);
Os demais 30% são produtos técnicos (ingredientes ativos), que irão compor os produtos formulados.
Desses, 3,35% dos defensivos químicos são de produto formulado a base de ingrediente ativo novo (PFN) e 96,65% são genéricos, ou seja, são “cópias” de princípios ativos pós-patentes, que podem ser feitas quando caem as patentes, ou produtos finais baseados em ingredientes já existentes no mercado.
Do total dos registros aprovados dos produtos formulados, os químicos representam 77,15%.
Para os defensivos agrícolas enquadrados como produto formulado de baixo risco – Bio e produto formulado para a Agricultura Orgânica – Bio/Org (Biológico, Microbiológico, Bioquímico, Extrato Vegetal, Regulador de Crescimento ou Semioquímico), os registros aprovados representam 22,85%.

Fonte: Gran AGRO Produtos Agrícolas com informações do Mapa

Comparativos exigem conhecimento da realidade agrícola de cada lugar

O engenheiro agrônomo, com MBA em Agronegócio e Controle Biológico, pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), Joelson Passamani Mäder engrossa o coro em repúdio aos ataques sofridos pelo agro brasileiro e sua cadeia produtiva. “ONGs (organizações não governamentais) que procuram manipular a mídia contra agricultores do Brasil, desconhecem a realidade brasileira e prestam um desserviço ao País”, reforça o especialista em controle biológico de pragas.

Para derrubar preconceitos propagados contra a produção rural brasileira, Mäder se vale da legislação ambiental vigente no Brasil, que considera uma das mais avançadas e restritivas do mundo. O mesmo conceito compartilha em relação à legislação que rege os registro de produtos químicos. “O agricultor brasileiro segue padrões mais rígidos que os da Europa e dos Estados Unidos”, comenta o engenheiro agrônomo.

Detratores da produção rural brasileira tendem a comparar o modelo de agricultura adotado pelo Brasil ao modelo de países europeus e dos Estados Unidos. Prática que, no entender de Mäder, exige cautela, tendo em vista que até a nomenclatura usada para os agroinsumos variam de país para país. Cita como exemplo: “o termo agrotóxico só é aplicado no Brasil; na comunidade internacional, o correto é pesticida ou produtos para proteção de plantas”.

CAUTELA
Mäder diz que ONGs que tentam manipular a mídia contra os agricultores desconhecem a realidade brasileira

Outro ponto que o especialista em controle biológico de pragas destaca é a importância de diferenciar produto proibido de não registrado. Lembra que, na maioria dos casos, os que estão proibidos na Europa também estão proibidos no Brasil. Já os produtos sem registro em um determinado país não significam que foram proibidos, mas que não há demanda agronômica para eles. É importante frisar que o Brasil é um País tropical, portanto com pragas diferentes das existentes na Europa e Estados Unidos, onde o clima é frio.

Novas formulações permitem redução da dosagem por hectare

Ao fazer uma análise do agro brasileiro de 40 anos atrás, o engenheiro agrônomo Joelson Mäder observa que houve uma grande evolução e conquistas na agricultura brasileira (veja quadro abaixo), todas possíveis com o uso de uma qualificada tecnologia, incluindo o uso de defensivos agrícolas para a proteção dos cultivos contra o ataque de insetos, ácaros, fungos, nematoides e ervas-daninhas. Ele afirma que nas últimas quatro décadas, os defensivos agrícolas passaram por um processo de melhoria contínua e seguem evoluindo.

Mäder cita que um bom exemplo da evolução dos defensivos pode ser constatado na cultura do arroz, uma das mais atendidas pela aviação agrícola.  “Há 40 anos, utilizava-se herbicidas que demandavam dose de até 10 litros/ha para o controle de capim arroz, atualmente utiliza-se herbicida nas doses de 0,1 a 1,0 litro/ha”, aponta o especialista em controle com biológicos.

A prática acima reflete que os herbicidas foram melhorados, tornando-se mais específicos sendo efetivos no controle de ervas-daninhas com pequenas doses, reduzindo a contaminação ambiental e o risco ao aplicador. Outra grande evolução, citada pelo agrônomo, acontece no segmento de inseticidas.

Ele conta que nos anos 80, utilizava-se produtos de classe vermelha (extremamente tóxicos) com alto potencial de causar danos à saúde humana e ao meio ambiente. Utilizava-se na média 2,0 litros de produto/ha. “Hoje, os inseticidas recomendados para uso no controle de lagartas na soja utilizam doses baixas, na média 0,1 l/ha, produtos de baixa toxicidade, baixo impacto sobre organismos não alvo e alta seletividade”, pontua Mäder.

Ainda, hoje, há os produtos biológicos que são opção para algumas importantes pragas/doenças dos cultivos econômicos, e seguem evoluindo.” Todavia não são solução para todos as pragas/doenças e devem ser usados dentro de manejo integrado, sendo mais uma ferramenta para uso do agricultor”, recomenda o engenheiro agrônomo.

Produção agrícola brasileira

Há 40 anos

Brasil importava: arroz, milho, soja, algodão e algumas frutas tropicais.

Atualmente

Soja:  o Brasil é o maior exportador do mundo, respondendo por 42% do mercado.

Milho: o Brasil é o segundo maior exportador mundial, respondendo por 30% do mercado global.

Algodão: o Brasil é o quarto maior exportador, respondendo por 15% do mercado internacional.

Frutas tropicais: o Brasil é um dos principais produtores mundiais, destacando-se as culturas de manga, melão e abacaxi.

Arroz: o Brasil produz o suficiente para atender o consumo interno.

Café: o Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, respondendo por aproximadamente 30% da produção global.

Açúcar: o Brasil é o maior produtor mundial, respondendo por 25% da produção, é ainda o maior exportador, tendo 50% do comércio global de açúcar.

Etanol: o Brasil é o segundo maior produtor mundial.

Carnes: o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, participando com 35% no mercado global. Na carne suína, o Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial. Na carne bovina, o Brasil é o segundo maior produtor e exportador mundial.

Fonte: CropLife/BlinK

Legislação envolvendo defensivos esteve em pauta em seminário nacional

A preocupação com o uso seguro, eficiente e sustentável de defensivos agrícolas permeiam toda a cadeia produtiva do agro brasileiro. A legislação envolvendo o uso desses insumos foi  abordada no primeiro dia do Seminário Nacional sobre Insumos Agropecuários (Senagri), promovido pela Sociedade Brasileira de Defesa Agropecuária (SBDA), entre 10 e 12 de junho, em Belém/PA.

Durante o painel, coordenado pelo diretor de Defensivos da CropLife Brasil, Arthur Gomes, foi reforçada a urgência de um marco regulatório moderno, ágil e coordenado, que permita ao país ampliar o acesso a tecnologias inovadoras sem comprometer a competitividade e a produtividade. O que se busca é uma nova legislação que permita maior celeridade, para que, conforme Gomes, “as inovações cheguem mais rápido ao campo”.

Por ser um tema complexo, que envolve outros órgãos federais e estaduais, além do  Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), a pasta está empenhada agora em aprimorar a coordenação entre todos os envolvidos. “Estamos buscando maior alinhamento e eficiência na análise dos processos”, pontuou o coordenador de Agrotóxicos do Mapa, José Victor Torres, durante o painel.

PAINEL
Hamilton Ramos (IAC), Marcelo Okamura (InpEV), José Victor (Mapa), Arthur Gomes (CLB)

A logística reversa das embalagens de defensivos agrícolas também foi um dos destaques do encontro. O presidente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEV), Marcelo Okamura, que faz a gestão integrada do Sistema Campo Limpo,  apresentou os resultados do trabalho da entidade. “Os dados de janeiro a maio já indicam um desempenho significativamente superior ao do mesmo período do ano passado. O resultado reforça a eficiência do sistema de logística reversa e o compromisso dos elos da cadeia com a sustentabilidade”, argumentou.

Fechando o debate, Hamilton Ramos, diretor-geral do Instituto Agronômico de Campinas, apresentou a evolução do programa Aplique Bem, criado há 18 anos para promover o uso seguro de defensivos agrícolas, por meio de treinamentos práticos e adaptados à realidade do trabalhador rural.

Protocolos de segurança nas aplicações aéreas são subestimados

“Muitas vezes, pessoas fazem denúncias sem nenhum fundamento somente pelo fato de o avião agrícola estar voando”, queixa-se o piloto agrícola Rodrigo Sabatini Doto. Engenheiro agrônomo e com formação de Coordenador em Aviação Agrícola (CAA), Doto reforça a importância de cada vez mais mostrar à população a realidade de uma operação aeroagrícola. Coloca nessa conta, inclusive especificações dos produtos aplicados nas lavouras.

Doto lembra que a aviação agrícola tem uma regulamentação severa, que tem entre as suas exigências mão-de-obra qualificada do piloto, técnico executor  e coordenador de voo. Todos são preparados para exercer a profissão, por meio de cursos homologados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Associada à qualificação, a tecnologia embarcada nas aeronaves, permite hoje que a aplicação seja feita de forma precisa.

Piloto da Imagem Aviação Agrícola, com sede em Moções/SP, Doto diz que todas as aeronaves são dotadas de válvulas by-pass automática, abrindo e fechando automaticamente os bicos de acordo com os polígonos georreferenciados. “São esses polígonos que definem a área de aplicação e podem ser desenhados em softwares como o Google Earth ou aplicativos especializados como o Fields Area Measure”, explica o piloto.

Regulamentação rigorosa

O uso dos aplicativos, conta Doto, é essencial para garantir que as distâncias de áreas de preservação permanente, casas de moradias isoladas, aglomerados de animais, nascentes de rios e povoados sejam respeitadas. Além das áreas de exclusão, que estão resguardadas na legislação que rege a atividade, a ideia é que todo o produto seja aplicado na lavoura. Ninguém quer desperdiçar produto. Ainda mais quando a carga em um hopper, pode girar entre R$ 10 mil e 20 mil, dependendo do produto.

Além dos cuidados com a aplicação em si, a legislação também prevê cuidados com o meio ambiente e descarte de embalagens. O técnico agrícola com o curso de executor em aviação agrícola preparar a calda e faz a tríplice lavagem, obrigatória por lei, entregando as embalagens limpas e sem resíduo ao responsável por elas. Os invólucros devem ser levados a pontos de coleta de cada região informados durante a compra pela revenda do produto.

Doto lamenta que a atividade ainda seja incompreendida pela sociedade. “Muitos associam automaticamente os aviões agrícolas à aplicação de produtos tóxicos, ignorando que grande parte das operações envolve fertilizantes ou agentes biológicos”, assegura. Também destaca que o cuidado e a precisão na aplicação de agrotóxicos são subestimados, apesar dos rigorosos protocolos.

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