O tema Gestão Empresarial abriu a série de aulas síncronas, que integra o projeto Boas Práticas Aeroagrícolas (BPA) Brasil, mostrando a importância da gestão estratégica, contábil e financeira para o crescimento de uma empresa, independente do seu tamanho. O encontro realizado por meio da plataforma Zoom, com transmissão ao vivo pelo YouTube do Sindag, contou com a presença dos professores Márcio Gonçalves, Daiana Ribeiro Blaskowski e Cristian Foguesatto.
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As capacitações compõem uma série de ações do BPA, desenvolvido pelo Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola (Ibravag) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Senai Nacional). “O projeto é muito importante no sentido de promover melhorias nos processos. Cada aula compõe uma trilha até o Congresso da Aviação Agrícola 2023”, contextualiza a diretora operacional do Ibravag, Michele Fanezzi.
E nessa trilha, por uma gestão mais eficiente, o diretor operacional do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Cláudio Júnior Oliveira, destacou a importância do programa para o setor. Consultor Sênior do BPA e responsável pela Metodologia de Gestão das Capacitações e Mentorias, Júnior Oliveira foi o mediador da aula do projeto que conta com o apoio do Sindag.
CRIAR CENÁRIOS
O primeiro a falar foi o especialista em administração de empresas, com MBA em Inteligência Empresarial, Márcio Gonçalves. Consultor em gestão para resultados financeiros, mentor de jovens empreendedores, o professor de Gestão Estratégica apontou a importância do planejamento para as organizações independente de seu tamanho, números de funcionários ou reservas financeiras.
Ao falar para profissionais de empresas que na sua maioria nasceram da paixão do dono por voar agrícola, Gonçalves apontou que hoje os próprios empresários veem a necessidade de levar o negócio para um patamar mais profissional, mais organizado. “A disciplina de planejamento estratégico visa a fazer a organização da casa, traçar uma meta futura, para que as pessoas que estão conosco saibam os caminhos a trilhar”, assinalou.
Como o planejamento estratégico traça uma visão a longo prazo, com ações coordenadas para alcançar os objetivos, o questionamento foi sobre mitigar os efeitos da instabilidade do cenário econômico nacional e internacional, como a flutuações do dólar, nesse processo. Para Gonçalves, “é importante identificar quais são as variáveis e como elas influenciam – se negativamente ou positivamente – o negócio”. A partir disso, entende que é importante pensar em cenários. Cita como exemplo: caso ocorra uma elevação da moeda dos Estados Unidos quais serão as contramedidas. “Isto é: o que fazer se tal coisa acontecer”, pondera o especialista em gestão estratégica.
ATENÇÃO AO REGIME TRIBUTÁRIO
Responsável pela disciplina de Gestão Contábil, a professora Daiana Blaskowksi, graduada em Ciências Contábeis e em Administração de Empresas/Comércio Internacional, é doutoranda em Agronegócios no Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CEPAN/UFRGS); e mestre em Agronegócios pela mesma instituição, apontou que a importância da análise contábil para tornar a empresa mais rentável e competitiva.
Para a contadora, a análise vai além da precificação e dos custos da operação. Diz respeito também a estar em um regime tributário que beneficie a organização. Daiana observa que a maioria das empresas aeroagrícolas integram o Simples Nacional até por não ter um departamento de contabilidade próprio. É um serviço terceirizado, que muitas vezes escolhe a forma de tributação conforme o faturamento.
“No setor aeroagrícola, a gente tem uma peculiaridade que são as depreciações tanto de aeronaves como de suas partes”, explica Daiana. No entanto, essa desvalorização do patrimônio só é possível se a opção do regime tributário for o Lucro Real. No Simples Nacional ou no Lucro Presumido, não é possível fazer a depreciação. “Então, a depreciação é como se eu tivesse uma saída de caixa. Reduz todo o meu lucro, e eu pago menos impostos”, justifica a contadora. E acrescenta: “então, é algo que cada empresa precisa avaliar qual será o melhor regime tributário para ela, dependendo, pode valer a pena ficar no Simples”.
ROMPER PARADIGMAS
A última aula da noite ficou a cargo do professor Cristian Foguesatto. O administrador de empresas, com mestrado e doutorado em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), falou sobre Gestão Financeira. “Na minha visão, a gestão financeira é o coração do negócio”, comparando uma empresa ao corpo humano. O gestor lembrou as peculiaridades da atividade aeroagrícola, principalmente a sazonalidade, fazendo com que a entrada de dinheiro não ocorra todos os meses. No entanto, há muitas contas fixas a pagar mensalmente. A dica é: “na época da safra, quando ocorre a entrada do maior montante de recursos financeiros, é importante não se deslumbrar”.
Foguesatto destacou a importância das aulas de capacitação do BPA para que caiam por terra paradigmas que travavam uma melhor gestão financeira das empresas. Um deles diz respeito a fórmulas complexas, que atualmente podem ser acessadas facilmente por calculadoras e até mesmo em planilhas do Excel. “Com essas ferramentas, basta que você entenda os conceitos para conseguir fazer a gestão financeira da empresa”, acentua o administrador de empresas. Ele compara a pilotar uma aeronave. Ninguém precisa saber montar um avião para pilotar, o mesmo ocorre com as fórmulas, “precisa saber para que serve e como usar”.
Como na gestão estratégica e na contábil, a gestão financeira não tem a ver com o faturamento da empresa, com o número de funcionários ou de aeronaves. A gestão financeira está ligada a tomar as rédeas do negócio nas mãos, saindo do achismo. “É importante saber os números certos de quanto está sobrando, qual a margem de lucro, se está adequada ao mercado, se não está como fazer para melhorar esse índice”, reforça Foguesatto. Ele vai além. Adverte que a atividade aeroagrícola tem um investimento muito alto e um risco também elevado, o que remete à necessidade de uma gestão financeira precisa, para mitigar riscos, inclusive os impostos pelo cenário macroeconômico.
CONGRESSO AVAG 2023
Também participaram da primeira aula síncrona da capacitação do BPA, a professora Gabriela Allegretti, mestre e doutora em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ela reforçou a importância das empresas participantes do projeto a marcarem a mentoria para os empresários definirem as prioridades a serem trabalhadas na organização. Ainda, a coordenadora Administrativa do Sindag, Marília Luíze Schüller, convidou para o Congresso da Aviação Agrícola do Brasil 2023 (Congresso AvAg), que ocorrerá nos dias 18, 19 e 20 de julho, em Sertãozinho/SP.Para acessar as informações sobre o Congresso AvAg, clique AQUI.