Aumentar a rentabilidade no campo é a motivação do presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz Pereira, para dividir seu tempo entre as lavouras de soja em Goiás e a entidade voltada ao desenvolvimento do setor. Produtor rural desde 1987, tem sua trajetória marcada pelo associativismo na busca de políticas contra a falta de infraestrutura, por uma tributação que não inviabilize o trabalho dos agricultores e pela racionalidade no debate ambiental.
“A produção brasileira praticamente não existiria ou não teria o destaque que alcançou internacionalmente se não fossem as entidades”, salienta Pereira, referindo-se ao fato do Brasil liderar o ranking mundial da produção de soja (tendo ultrapassando os Estados Unidos). Cultura, aliás, que emprega em torno de 3 milhões de pessoas no País, direta e indiretamente.
No entender do dirigente, o protagonismo da soja brasileira no mundo tem por trás um trabalho incansável dos produtores, que investem em pesquisas dentro de sua propriedade e absorvem tecnologia para manejo de solo e plantas (como é o caso da pulverização aérea). “E das entidades, que trabalham pelo setor e permitem que esse homem foque em seus negócios”.
Pereira participou, em 2007, da reestruturação da Aprosoja – que havia sido criada em 1990, como Abrasoja – e foi um dos fundadores da Aprosoja Goiás. Neste caso, espelhado no exemplo da fundação da Aprosoja Mato Grosso, em 2005, e na expansão da produção de soja no Centro-Oeste. Depois disso, a entidade foi se fortalecendo com mais associações estaduais e hoje são 16 Aprosojas no Brasil
Ainda pequeno, seus pais trabalhavam com agropecuária – na época não existia o agronegócio nos moldes de hoje – e deixaram Minas Gerais (seu Estado natal) em busca de novas oportunidades em Goiás. Pereira cresceu e chegou a ensaiar outra profissão: graduou-se em Gestão Imobiliária em 2006, pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra – Campus Itumbiara), mas nunca exerceu o ofício. “A minha história é no agro, na produção de soja”, reforça. Uma história que vai muito além da porteira.
Como começou sua história na soja, já que sua família trabalhava com gado?
Minha família trabalhava com pecuária, gado, mas no final da década de 80 começou a vinda da soja para o Cerrado e viemos para cá. Nós tínhamos a soja e plantamos cana também. Mas a soja começou a melhorar e transformar o solo, dando uma nova perspectiva principalmente para as terras arenosas que temos aqui, com baixo teor de argila e, em muitas áreas, com pouca chuva. Começamos na década de 80, avançamos bastante nos anos 90 e no ano 2000 começamos a fazer a safrinha. Em 2004 foi quando o negócio começou a vir agronegócio.
Aí se aprimorou também a técnica…
Paralelamente, houve uma necessidade muito grande de desenvolver e absorver tecnologia, o que tinha que acontecer muito rápido na produção de soja. No início, a pesquisa sobre soja era direcionada ao clima temperado – por isso a soja no Brasil surgiu a partir de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) ajudou muito no começo dessa transformação, mas os produtores rurais também avançaram muito com pesquisas próprias.
O senhor participou da reestruturação da Aprosoja em 2007. Isso?
A Aprosoja Brasil tem uma história antiga. Ela tinha o nome de Abrasoja, que depois passou para Aprosoja. Há 15 anos, o Mato Grosso intensificou essa representação (com uma associação local) e fundamos também a Aprosoja Goiás, partido daí para as representações locais em outros Estados. Hoje, são 16 entidades estaduais *, de modo que onde se planta soja tem Aprosoja.
(*) Existem entidades no Amapá, Bahia, Goiás, Maranhã, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
O que motivou o senhor a dividir seu tempo entre seus negócios no campo e entidades?
O agronegócio precisa ser proativo na busca de soluções para o setor. Imagine se ficássemos apenas dentro da porteira, plantando e colhendo, permitindo que autoridades não se preocupassem em políticas públicas para o agro e que tudo passasse por cima de nós: dificuldades de infraestrutura, problemas com questões tributárias e ambientais… Hoje, não seríamos nada e a produção brasileira praticamente não existiria. A agricultura brasileira não teria a importância que tem na economia do País e na vida das pessoas se não fossem as entidades discutindo regulação, custo de produção e outros temas, junto aos órgãos públicos, instituições financeiras e ao próprio Congresso Nacional.
Como é presidir a maior entidade voltada ao desenvolvimento da soja no Brasil e qual a marca que o senhor pretende deixar?
Na Aprosoja Brasil, é minha primeira gestão, mas fui fundador da Aprosoja Goiás. A marca que a gente sempre busca deixar é a viabilização da produção e diminuição do custo para o produtor. O nosso principal objetivo é dar renda ao produtor, seja ele pequeno, médio ou grande. O agro só vai continuar existindo se o produtor rural tiver renda e continuar na atividade. Do contrário, poderemos nos transformar em um Brasil que não traz retorno social.
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“O nosso principal objetivo é dar renda ao produtor, seja ele pequeno, médio ou grande”
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Em 30 anos, a produção de soja no País cresceu 500%, ao passo a área da cultura aumentou 200%. Atualmente, alguns especialistas falam que o País já tem capacidade de dobrar a produção sem avançar a fronteira agrícola. Como isso é possível?
Nós precisamos cada vez mais buscar a eficiência de produzir mais por hectare, o que se consegue com a agricultura de precisão. É onde você usa o solo de maneira correta, da maneira sustentável, com metodologias. Uma (metodologia) que temos usado muito é a definição do perfil de solo, melhorando-o através do uso de calcário e palha, plantio de braquiária e outras gramíneas. Nesse caso, fazendo com que o solo suporte um estresse hídrico quando há falta de chuva. A gente está nessa linha (de produzir mais na mesma área) e devemos aumentar mais ainda esse potencial, tanto na primeira como na segunda safra.
O Ministério da Agricultura estima * um crescimento de 33% a quase 60% da produção de soja até 2028, gerando entre 155 milhões e 184 milhões de toneladas, com ampliação de 28% da área sobre espaços hoje utilizados para pastagens ou outros tipos de lavouras. Você considera esse cálculo viável?
Todos os anos a gente tem ocupação de áreas com baixo teor de argila e que serão transformadas graças à pesquisa e ao desenvolvimento de um melhor ambiente de solo para suportar quando a área não recebe um índice fluviométrico muito grande. O Matopiba ** é um exemplo disso. Há 20 anos a gente nem sabia o que era o Matopiba, onde a soja só se desenvolve graças a esse produtor que tem coragem e investe em pesquisa. Com isso, a gente tem capacidade de aumentar o recorde de produtividade e de maneira ambientalmente responsável.
(*) Projeções do Agronegócio – Brasil 2017/18 a 2027/28, publicado pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, pecuária e Abastecimento (SPA/Mapa)
(**) Matopiba é considerada a grande fronteira agrícola nacional da atualidade. Trata-se de uma região que abrange áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia próximas à divisa entre esses quatro Estados e cuja denominação vem da junção da primeira sílaba do nome de cada um.
A população consegue enxergar a amplitude da importância da soja em suas vidas? Por exemplo, trata-se de uma cultura que ocupa 4% do território do País e consegue aumentar produtividade sem ampliar de forma desgovernada essa fronteira.
Esse é um problema que nós temos no Brasil, apesar de sermos um país com aptidão para agro. O agro salva a balança comercial, salva a economia e traz reservas cambiais. Sem essas reservas cambiais, o Brasil estaria no buraco. No entanto, nossa pior praga na agricultura é a falta de conhecimento que leva pessoas a falarem mal do melhor sistema de produção agrícola do mundo. Temos a maior sustentabilidade ambiental: somos o país que mais preserva e o que mais produz no mundo. E temos a melhor qualidade em alimentos. A soja com maior teor de proteína do mundo é a soja brasileira, mas a falta de conhecimento é cultural no Brasil. Por isso vai levar tempo para fazer a nossa população entender o que é esse agro brasileiro.
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“A soja com maior teor de proteína do mundo é a soja brasileira”
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Além de toda a questão sustentável, a soja ainda gera alimento barato e tem ainda o benefício da riqueza circulando…
Na década de 70, tínhamos um Brasil importador de alimentos. Naquela época, a família brasileira gastava de 45% a 50% dos seus ganhos com alimentação. Depois que houve essa transformação, que o Brasil passou a produzir mais por hectare, o alimento ficou mais barato para os brasileiros. Hoje, temos dados que o brasileiro gasta menos que 14% dos seus ganhos para alimentar sua família. Só isso aí já foi um ganho muito alto para a população brasileira, que é o nosso principal mercado. Além do Brasil, há mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo às quais nós possibilitamos o acesso à proteína. Então, a soja também tem salvado a humanidade.
Além da produção de alimentos (inclusive na pecuária) e na produção do biodiesel, o produto ganha espaço na indústria, por exemplo, substituindo minerais na fabricação de cosméticos e ocupando o espaço de derivados de petróleo em plásticos e tintas. Há perspectiva de se ampliar esse leque?
A soja está presente ainda em pneus e até o colchão feito para as pessoas dormirem utiliza a soja em sua composição. Ainda há capacidade para desenvolver inúmeros derivados da soja, principalmente do grão brasileiro. A gente tem o biodiesel, que diminui, principalmente, os gases de efeito estufa. Isso já é uma grande evolução no sistema de combustíveis fósseis. Mas nós temos que priorizar o alimento. A gente sabe que tem muitas pessoas passando fome no mundo. Até no Brasil, ainda. Então, a maior parte da soja tem que ser destinada à alimentação. Tanto para a alimentação animal, como para a alimentação humana.
Vale lembrar que mais de 60% da soja é para exportação e parte do que fica aqui gera farelo para rações e óleo – que por sua vez é comestível ou para gerar biodiesel. Existe a possibilidade de ampliar a exportação de soja com valor agregado?
A gente tem buscado agregar valor em cima da produção agrícola. Tanto que a Aprosoja Brasil participa dessas missões internacionais em todos os países consumidores. Nós estivemos na Ásia (Japão, China, Indonésia, Singapura e Vietnã) mostrando a nossa capacidade da produção de soja, a sustentabilidade de nossas lavouras e também dando a eles a oportunidade de levar o nosso produto tanto in natura quanto processado. A gente está buscando esses mercados, principalmente para a geração maior de emprego aqui no Brasil, e levar esse produto processado, para que o Brasil tenha um ganho a mais.
Como está a expectativa de mercado para o biodiesel, já que neste mês de março a mistura no diesel comum passará de 11% para 12% de biodiesel?
Se nós pudéssemos aumentar esse percentual para 50%, quanto o meio ambiente não ganharia com isso, com menos gás de efeito estufa dos combustíveis fósseis circulando no ar? Então, a prioridade ainda é o alimento, mas essa lei que aumenta o percentual de biodiesel no diesel comum é muito importante porque garante uma melhoria do ar, principalmente nos grandes centros urbanos que sofre muito com a poluição decorrente do uso de combustíveis fósseis. É importante que o governo e a população busquem entender cada vez mais a importância dessa cadeia produtiva para o Brasil e para o mundo. É uma cadeia que além da alimentação é importante também para o ar que as pessoas respiram.
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“É uma cadeia importante também para o ar que as pessoas respiram”
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Ultrapassamos os Estados Unidos* e nos tornamos os primeiros do mundo. E agora? A tendência é o Brasil sustentar esse posto?
Sim. Por que os europeus não vêm conhecer melhor a nossa produção de grãos em vez de falar de queimadas na Amazônia? O Brasil se tornou o maior protagonista mundial na produção. Assustou todo mundo, porque usamos muito pouco território e fazemos ainda a coisa correta, com sustentabilidade. Isso foi graça a esse produtor, a capacidade dele de pesquisar também dentro da sua propriedade e absorver tecnologia, por isso nós todos somos importantes, por isso que a entidade é importante, porque ela viabiliza isso. Ela deixa o produtor mais tranquilo dentro da propriedade para produzir, enquanto ela, a entidade, cuida dessas situações que venham a se propagar, tirando do produtor a capacidade de sustentabilidade econômica.
(*) O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) apontou que o Brasil superou em 2 milhões de toneladas a produção norte-americana em 2017/18 (superando as projeções da Conab). Agora, para a safra de 2019/20, pode superar os americanos em 26 milhões de toneladas.
A retomada do acordo entre Estados Unidos e China pode influir negativamente no mercado para o Brasil?
Não. Já era esperado que fossem retomadas as negociações comerciais entre Estados Unidos e China. Isso tinha que acontecer. Os países exportadores de soja no mundo são Brasil, Estados Unidos e Argentina. Então, diante dessas interferências, uma corrida por extensão de área poderia prejudicar o produtor brasileiro quando esse acordo voltasse a vigorar. Teríamos uma oferta muito grande de grãos, ultrapassaria a demanda, e nós teríamos um problema porque o Brasil não tem políticas bem definidas para manter o produtor em atividade, igual têm os Estados Unidos e Europa, por exemplo. Então era importante que esse acordo entre EUA e China voltasse ao normal, porque o Brasil é mais competitivo que esses países. O Brasil tem uma soja melhor e mais barata do que esses países. Nós não precisamos fazer guerra comercial, para sermos melhores que eles, para termos protagonismo. Assim, continuaremos protagonistas e, lógico, isso tudo tem relação também com o clima. Mas, como falei, nós tratamos o perfil de solo para suportar essa situação de clima, coisa que ninguém faz no mundo.
O mercado da China é extremamente importante para o Brasil. O que fazer se perder esse mercado?
No ano passado nós exportamos 65 milhões de toneladas para a China. Nós chegamos a exportar 80 milhões de tonelada para a China em 2018, quando houve o início da guerra comercial com os Estados Unidos. A gente vai ficar nessa margem ainda de 60 a 70 milhões de toneladas de soja sendo exportada para a China. É um número muito grande. Mas, por outro lado, estamos buscando novos mercados, como a Índia –exportamos pouco para lá – e outros países asiáticos. Esses países necessitam muito dessa proteína. Buscamos esses novos mercados até para diversificar porque quando vem um Corona vírus desses assusta. Todos acham que as importações vão fechar, mas ocorre o contrário. O alimento é importante para recuperar a saúde das pessoas. Sabemos que precisamos diversificar, e já estamos fazendo isso. O Brasil exporta alimentos para mais de 200 países.
No cenário interno (para garantir produtividade e rendimento), o que melhorou?
Em 2019, teve mudança de governo, menos burocracia. No entanto, estamos buscando uma forma de reduzir os juros em cima desse produtor. Muitos produtores ainda estão com endividamento alto. Estamos buscando uma forma de renegociar as dívidas em um prazo mais longo para manter esse produtor em atividade. Isso faz com que esse produtor possa reinvestir e fazer com que sua produção melhore, que busque mais tecnologia que vai trazer renda para ele. Nós temos trabalhado muito em cima disso. Muitas vezes algumas tecnologias vêm com custo muito alto, aumenta a produtividade e não traz renda. Então, é uma escravidão para o produtor. Estamos libertando o produtor disso também. Precisamos produzir, principalmente, trazendo renda. Quando você traz renda para o produtor, ele investe novamente. O produtor é um empreendedor, ele não guarda dinheiro, ele não é agiota, ele quer investir em equipamentos, em terras, melhoria de solo. Então, quando ele faz isso, ele melhora a produtividade.
Qual o tema de casa que ainda não foi feito e precisa ser resolvido com urgência?
Nós temos aqui, o licenciamento ambiental, a própria Medida Provisória 897/19*, que prevê, entre outras coisas, facilitar o acesso ao crédito para os produtores rurais e a desburocratização de entrada de recurso de fora no Brasil. Há mais de 13 trilhões de dólares no mundo precisando ser investidos, principalmente em países que têm capacidade de produção de alimentos, mas existe uma dificuldade tremenda desse recurso chegar ao Brasil. E essa Medida Provisória vai simplificar e melhorar o acesso a esse recurso. Com mais recursos dentro do Brasil, os juros caem em há mais investimentos. Estamos trabalhando também a reforma tributária, que é um ponto que nos preocupa bastante. Os governadores dos Estados não têm capacidade de gestão, não tem capacidade de fazer uma reforma administrativa em seus Estados e querem aumentar os seus tributos. Alguns, como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estão tributando erroneamente. A Aprosoja Brasil tem gerado estudos mostrando que onde tem agro a vida das pessoas melhora. Nós temos dados apontando que nos mais de 2 mil municípios onde se planta soja no Brasil, há 15 anos o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) era baixo para baixo. Agora, esse índice já passou de alto para muito alto. São dados do IBGE que mostram que estamos no caminho certo.
A gente precisa mostrar isso para a população e falar que onde tem soja tem melhoria de vida. Se você for conhecer, por exemplo, municípios como Rio Verde, Cristalina e Jataí (Goiás), Sorriso (Mato Grosso), São Desidério e Luiz Eduardo Magalhães (Bahia), verá histórias de locais que são destaques no Brasil graças às lavouras de soja. Então, se esses produtores forem tributados, perderão capacidade produtiva. Como ocorreu na Argentina aqui do lado. A Argentina tem a mesma ou melhor capacidade de infraestrutura, solo e clima que o Brasil. Nós éramos iguais na década de 1990 e era para nosso vizinho estar produzindo mais de 120 milhões de toneladas. Mas com a retencione **, uma tributação feita com falta de conhecimento em produção, o país ficou emperrado: não tem capacidade para aumentar sua produção e o produtor está todo endividado.
(*) MP 897/19, conhecida como MP do Agro, foi aprovada Câmara dos Deputados em fevereiro e enviada para o Senado. O próprio Sindag lançou nota apoiando a iniciativa, que pode ampliar em R$ 5 bilhões os créditos de financiamento para o agronegócio no Brasil.
(**) As retenciones foram uma das primeiras medidas econômicas do presidente da Argentina, Alberto Fernandez, e elevou o imposto sobre exportação de produtos agrícolas. No caso da soja, o tributo foi para 27%.
Qual o papel da aviação agrícola nesse cenário e quais os principais pontos que favorecem a ferramenta?
A aviação agrícola é muito dinâmica e necessária. Se temos ataques severos de lagarta ou percevejo, ferrugem ou alguma doença, a eficiência na aplicação aérea nos ajuda bastante. A pulverização aérea tem capacidade de fazer mais hectares mais rápido e, também, tem a capacidade de não estragar a própria soja, por não ter amassamento. Feita dentro das normas e das boas práticas, consegue diminuir o custo de produção para o agricultor. Tem uma boa eficiência e o melhor custo de produção por isso é muito importante na produção de soja. Além de, no caso do milho, ser muito importante nos estágios mais altos da cultura. No milho da segunda safra e até na produção de soja, quando você tem lavouras em maior escala, a rapidez do avião significa ganho. Na cana-de-açúcar também ela é muito importante. É praticamente impossível outra ferramenta e se pode perder toda a lavoura se não tiver aplicação aérea.
Houve um grande aprimoramento na frota aeroagrícola, sobretudo nas últimas duas décadas, com DGPSs mais sofisticados interligados com os sistemas de pulverização, controlando a abertura e fechamento do sistema até possibilitando a taxa variável, além do acompanhamento em tempo real das aplicações…
Tudo isso ajudou muito principalmente a diminuir o custo. Aí entra aquilo que falei de agricultura de precisão: não fazer nada em excesso e não deixar nada faltar.
Como são vistos os drones de pulverização e de levantamento por imagem?
Eu tenho drone na fazenda. Acredito que essa tecnologia é muito importante. Sempre digo que temos que absorver tecnologia, mas que essa tecnologia nos dê retorno. As que dão certo permanecem. Eu vejo que os drones e as tecnologias de precisão ainda vão avançar muito.
Para o produtor, contratar os serviços de uma empresa aeroagrícola não tem custo mais baixo do que comprar seu próprio avião?
Sim. Muitas vezes quando o produtor compra é poque a empresa aeroagrícola não o está assistindo, já que a empresa aeroagrícola tem capacidade de oferecer um custo melhor do que você manter seu próprio avião.
Há alguma estimativa de perde no agro por conta do preconceito contra a atividade? Por exemplo, grandes produções são invariavelmente associadas à destruição de ecossistemas (independente de se preservar áreas verdes e se aumentar produtividade em expandir). Também há o caso dos defensivos, cuja liberação de moléculas mais eficientes é invariavelmente taxada de nociva mesmo se representar menos necessidade de produto. A própria aviação sofre isso, sendo muitas vezes combatida mesmo sendo uma ferramenta de alta eficiência…
Isso é falta de informação e de conhecimento. Infelizmente, a nossa cultura brasileira é muito atrasada. Isso traz essa dificuldade muito grande de a gente explicar sobre essa situação que quando você está trazendo moléculas mais eficientes, você está diminuindo o uso de defensivos agrícolas e não aumentando. Não são tanto as pessoas, é a imprensa que passa erroneamente esses conceitos. Hoje, as redes sociais têm nos ajudado muito a mostrar a realidade.
Qual a melhor maneira de se aproximar da sociedade e reverter o preconceito?
Há vários trabalhos. Dentro da Aprosoja Brasil, estamos desenvolvendo um programa nesse sentido. Como está em fase de projeto ainda não vou revelr o nome. Mas tem o Agrinho, do Sena* (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), que já existe há bastante tempo e é um programa voltado a conscientizar as crianças, por meio de projetos, sobre a importância do agro. Dessa forma, a gente educa mostrando a realidade. Nosso campo está aberto para as crianças fazerem visitas e conhecerem as propriedades rurais. Esse é o trabalho que estamos fazendo junto às escolas. Até porque ensinar uma criança é mais fácil do que mudar a cabeça de uma pessoa de idade. A gente tem feito bastante isso para melhorar essa imagem da produção brasileira.