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Influência da velocidade de voo na largura de faixa para um drone modelo T20P em dois volumes de aplicação

O estudo “Influência da velocidade de voo na largura de faixa para um drone modelo T20P em dois volumes de aplicação” é o primeiro colocado no Congresso Científico da Aviação Agrícola 2024. A avaliação esteve a cargo do Comitê Científico, formado por especialistas e doutores em agronomia e veterinária.

Publicado em: 19/09/24, 
às 13:19
, por IBRAVAG

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AUTORES

Gleica Graviel Silva
Engenheira agrônoma, especialista em Tecnologia de Aplicação Aérea na Agroefetiva, Botucatu/SP – Brasil, (14) 998599723, gleica@agroefetiva.com.br

Fernando Kassis Carvalho
Engenheiro agrônomo, pesquisador na AgroEfetiva, Botucatu/SP – Brasil

Márcio Luiz Moura Santos
Engenheiro agrônomo, pesquisador na AgroEfetiva, Sinop/MT – Brasil

Mariane Tavares Vieira
Engenheira agrônoma, especialista na AgroEfetiva, Sinop/MT – Brasil

Taynara Mateus dos Santos Silva
Estudante de Engenharia Agronômica, UFMS, Cassilândia/MS – Brasil

Ulisses Rocha Antuniassi
Engenheiro agrônomo, professor titular Departamento de Engenharia Agrícola, Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, Botucatu/SP

INTRODUÇÃO

A utilização de drones na aplicação de defensivos agrícolas está em ascensão no Brasil. De acordo com dados da Siscomex (2023), as importações de drones de pulverização cresceram mais de 39% em 2023 em comparação com 2022. Esse aumento no uso de drones pode ser atribuído às vantagens que essa ferramenta oferece. Segundo Ríos-Hernández (2021) e Giraldeli (2019), ao utilizar drones nas lavouras, os agricultores podem otimizar o uso de agroquímicos, como fertilizantes e defensivos, realizando aplicações localizadas e evitando o amassamento, com doses ajustadas às necessidades da cultura.

No entanto, existem vários desafios associados ao uso de drones de pulverização. Um deles é a determinação da largura da faixa e a uniformidade de deposição (CARVALHO et al., 2021). A faixa deve ter largura adequada para garantir o máximo rendimento operacional, além de uniformidade dentro dos parâmetros técnicos aceitáveis, medida pelo coeficiente de variação (CV, %), que deve ser menor que 20% (PARKIN; WYATT, 1982). A norma ASABE S386.2 define os parâmetros para avaliação do padrão da faixa de deposição e calibração de aplicação aérea.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da velocidade na largura de faixa de deposição de um drone modelo T20P do fabricante DJI em dois volumes de aplicação, utilizando o sistema IFD – Inspeção da Faixa de Deposição®.

MATERIAL E MÉTODOS 

O estudo foi conduzido em Guaíra, Rio Grande do Sul, em 2 de abril de 2024. As configurações avaliadas, estão descritas na Tabela 1. O drone estava equipado com atomizadores rotativos, e a variação da vazão era controlada pela velocidade e pressão de operação. 

A uniformidade e a largura da faixa de deposição foram avaliadas utilizando a metodologia de espectrofotometria de fio, introduzida no Brasil em 2017 pela AgroEfetiva® e designada IFD – Inspeção da Faixa de Deposição®, conforme a norma ASAE S386.2 de 2018. Para coleta de dados, o drone sobrevoa um fio de poliéster de 1 mm de diâmetro e 26 m de comprimento, aplicando água e corante sob vento de proa, conforme especificado na norma. Após cada voo, o fio é recolhido e analisado (Figura 1).

Figura 1.
Sistema de coleta de dados para a Inspeção da Faixa de Deposição® (IFD) (Fonte: AgroEfetiva)

As repetições foram analisadas em um espectrofotômetro de fio, que calculou o coeficiente de variação (CV, em %) para diversas larguras de faixa de deposição. O procedimento incluiu a determinação da largura ideal da faixa de deposição com base na uniformidade indicada pelo CV para os métodos “vai e vem” (back-to-back) e “carrossel” (race track). Faixas foram consideradas adequadas com CV menor que 20% e ótimas com CV inferior a 15%, garantindo ausência de falhas ou excesso de depósito. Um CV que excede esses limites indica problemas na aplicação, podendo resultar em superdosagem ou subdosagem. Cada configuração foi testada com pelo menos quatro voos sobre o centro do fio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos resultados apresentados na Tabela 2, observou-se que a velocidade de deslocamento do drone não teve influência significativa na largura da faixa para os dois volumes de aplicação avaliados (10 e 25 L ha-1). Todas as configurações analisadas resultaram em faixas consideradas aceitáveis, com coeficiente de variação (CV) inferior a 15%. Isso sugere que, independentemente da velocidade de deslocamento do drone, a uniformidade da aplicação foi mantida dentro dos padrões desejáveis, indicando consistência na operação do equipamento.

É importante destacar que a altura de voo e o tamanho das gotas têm uma relação direta com a largura da faixa de deposição, e, por isso, neste estudo estas variáveis não foram alteradas. Em geral, maiores alturas de voo e gotas menores resultam em uma faixa de deposição mais ampla. O diâmetro mediano volumétrico (DMV) considerado neste estudo foi o informado pelo controle do equipamento, ou seja, informado pelo fabricante. Sabe-se que o ideal é que isso seja avaliado em equipamento a laser, em túnel de vento com fluxo de ar.

Apesar da velocidade de voo avaliada neste estudo não ter impactado na largura da faixa, estudos como o de AHMAD, Fiaz et al. (2020) demonstraram que a velocidade influencia diretamente a cobertura, deposição e penetração nos alvos. Velocidades mais baixas podem resultar em maior cobertura e penetração devido ao maior tempo de pulverização e à maior força do ar induzida sobre a aplicação. Isso destaca a importância de considerar múltiplos parâmetros na otimização das operações de pulverização por drones agrícolas. Entretanto, é necessário aumentar o entendimento sobre quais velocidades terão maior ou menor interferência nos parâmetros citados.

CONCLUSÃO

As velocidades de voo do drone T20P da DJI avaliadas nessa pesquisa não influenciaram significativamente na largura da faixa de deposição obtida, mantendo a uniformidade da aplicação dentro dos padrões aceitáveis, conforme evidenciado pelo coeficiente de variação (CV) inferior a 15%.

Referências bibliográficas

AHMAD, Fiaz et al. Effect of operational parameters of UAV sprayer on spray deposition pattern in target and off-target zones during outer field weed control application. Computers and Electronics in Agriculture, v. 172, maio 2020.

AGROEFETIVA. Relatórios de pesquisas de 2022 a 2023. Botucatu, SP. Dados não publicados.   

ANTUNIASSI, U.R.; MOTA, A.A.B.; CHECHETTO, R.G.; CARVALHO, F.K.; QUEIROZ, M.F.P.; ROMANI, V.V. Drift and uniformity of drone applications according to the droplet size.   American Chemical Society. ACS FALL: Resilience of Chemistry. Atlanta-GA, 22 – 26 ago, 2021. 

ASAE S386.2 FEB1988 (R2018). Calibration and distribution pattern testing of agricultural aerial application equipment. American Society of Agricultural and Biological Engineers. St. Joseph, Ml, 2018. 10p.   

CARVALHO, F.K. et al. ENTENDENDO A TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO: aviões, helicópteros e drones de pulverização. 2. ed. Botucatu: Fepaf, 2021. 96 p. 

GIRALDELI, A. L. Drones na agricultura: como eles te ajudam a lucrar mais. Aegro, 2019.Disponível em: https://blog.aegro.com.br/drones-na-agricultura/. Acesso em: 28 de maio de 2023. 

Ministério da Economia. SISCOMEX: Sistema Integrado de Comércio Exterior. Brasília, 2023. Disponível em: https://portalunico.siscomex.gov.br/

PARKIN, C.S.; WYATTT, J.C. The determination of flight-lane separations for the aerial application of herbicides. Crop Protection, Amsterdam, v.1, n.3, p.309-32. 1982. 

RÍOS-HERNÁNDEZ, R. Uso de los Drones o Vehículos Aéreos no Tripulados en la Agricultura de Precisión. Revista Ingeniería Agrícola, vol. 11, n. 4, e10, (octubre-noviembre-diciembre, pp. 75-84), 2021. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=586268743010. 

WANG, B. H. et al. An overview of various kinds of wind effects on unmanned aerial vehicle. Measurement and Control, 52, Issue 7-8, September-October 2019, Pages 731-739. Disponível em: https://doi.org/10.1177/0020294019847688.

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